A história farmacológica da Cannabis desde os tempos antigos até os dias de hoje, mostra que seu desempenho tem papel crucial na medicina e na saúde em diversas culturas ao redor do mundo.
Através de análises de marcas deixadas por cordas feitas com a planta em peças chinesas, os arqueólogos concluíram que o ser humano interage com essa planta desde a idade da pedra.
Seu uso medicinal vem desde a China antiga, por volta de 2.700 A.C, quando suas propriedades medicinais foram reconhecidas e documentadas pela primeira vez, sendo descrita para tratar dores articulares, gota e malária.
Tendo seu uso descrito por civilizações antigas, ao longo dos séculos, todas já exploravam os benefícios terapêuticos da Cannabis.
No antigo Egito eram valorizadas suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias.
Do Oriente para o mundo, no entanto, foi apenas no século XIX que a Cannabis começou a ganhar atenção da medicina ocidental.
Em 1843, o médico irlandês Willian O’Shanghnessy passou uma temporada em Calcutá, na Índia, e publicou importante artigo sobre as aplicações terapêuticas da Cannabis após observar os usos de extratos da planta para tratamento de crises de epilepsia.
A partir das descobertas de O’Shanghnessy, médicos e pesquisadores europeus e americanos começaram a explorar suas aplicações médicas de forma mais sistemática.
Sistema Endocanabinoide
Dizem que sabemos menos de nosso próprio organismo do que sabemos a respeito da lua.
Talvez prova disso seja a própria descoberta do Sistema Endocanabinoide, identificado pela primeira vez apenas em 1964. O responsável pelo feito é o pesquisador radicado em Israel, Raphael Mechoulam, que naquele ano viria a documentar de forma até então inédita, o THC, o Tetrahidrocanabinol.
Uma grande descoberta que faz do professor Mechoulam merecedor de destaque entre os grandes cientistas de todos os tempos. Afinal, durante longos anos, o THC passou totalmente despercebido pela comunidade científica, que nada sabia sobre as vastas propriedades medicinais das plantas do gênero Cannabis.
Foi esta descoberta que levou o químico Mechoulam a explicar, em seguida, o Sistema Endocanabinoide, formado por uma série de enzimas presentes em diversos tecidos do corpo.
Basicamente, ele é composto pelos canabinóides endógenos, conhecidos como endocanabinóides e enzimas de síntese e degradação (nosso organismo possui um Sistema próprio chamado Endocanabinoide).
Este sistema regula diversas reações fisiológicas, como: apetite, dor, inflamação, termorregulação, pressão intracelular, sensação, controle muscular, equilíbrio de energia, metabolismo, qualidade do sono, resposta ao estresse, motivação/recompensa, humor e memória.
Óleo de Canabidiol
A Cannabis medicinal interage no Sistema Endocanabinóide atuando de forma mimética aos endocanabinoides naturais do nosso organismo. Este Sistema e o canabidiol, em sinergia, promovem benefícios à saúde humana, ajudando aumentar o bem estar e a qualidade de vida das pessoas.
Há uma lista de doenças que podem ser tratadas utilizando o CDB como substância ativa: ansiedade, artrite reumatoide, artrose, autismo, depressão, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, dor neuropática, epilepsia, fibromialgia, glaucoma, insônia, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático etc.
Além dos benefícios, o óleo de CDB apresenta mínimos efeitos adversos. O fitoterápico Canabidiol precisa chegar à nossa população poli medicada. O CBD pode diminuir o número de medicamentos em uso.
Espero ter ajudado a conhecer um pouco do CDB ou Canabidiol.
Saúde, saúde, saúde!!!
(Colaboração de Luiz Assunção, farmacêutico clínico, especialista em acompanhamento farmacoterapêutico, especialista em gastroenterologia funcional e nutrigenômica).
Publicado na edição 10.843, quarta, quinta e sexta-feira, 15, 16 e 17 de maio de 2024