Cidadania, Civismo e Segurança Pública

Rogério Valverde

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Rogério Valverde, diretor do departamento de trânsito de Bebedouro

Os sintomas mais prováveis de insegurança pública são regidos, invariavelmente, pelo descontrole da vida em sociedade, o desrespeito às leis, regras e ordenamentos que ditam a convivência humana.

Só há conflitos porque há pessoas, já que ninguém seria capaz de brigar consigo mesmo. A disputa, os interesses pessoais e as divergências de opiniões levam ao crime que por sua vez gera sensação de insegurança a todos, afinal, quem comete um crime contra determinada pessoa pode cometer contra mim. Se a casa do meu vizinho é furtada, a minha também pode ser. Isso é a sensação de insegurança.

Mas voltando a falar das regras, não fossem elas, estaríamos diante de um caos social, já que cada um poderia fazer o que bem entendesse. Mas se há leis, por que há delitos? Justamente pelo descumprimento dos preceitos estabelecidos é que surgem os crimes e a violência de modo geral.

Eis que surge um novo questionamento: o que leva alguém a desrespeitar uma lei? São vários os motivos, porém, todos convergem para a ausência de cidadania e civismo. Vejamos.

Cidadania, nas palavras de Dalmo de Abreu Dallari, “expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida do governo e de seu povo”. Concluindo que colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre que possível para promovê-lo é dever de todo cidadão responsável que pratica cidadania.

Já civismo, de acordo com a Wikipédia, “são práticas assumidas como deveres fundamentais para a vida coletiva, visando preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos. Mais especificamente, o civismo consiste na dedicação pelo interesse público e também pela política de um país, fidelidade, paz ou honra em relação à pátria; patriotismo”.

Portanto, ausentes a cidadania e o civismo, distancia-se a pessoa inserida numa sociedade das regras de convivência e emerge, portanto, a violência e a insegurança pública.

Nesse ponto, investir em educação sempre será a melhor forma de tornar uma sociedade mais segura. Importante registrar que quando se fala em educação, estamos falando do mais amplo conceito de catequização, ou seja, desde aquela que vem de casa com exemplo do seio familiar, até a rede escolar, seja pública ou privada.

A presença de educação, aliás, é necessária para a condução da própria vida, pois trata-se da mola propulsora do desenvolvimento humano.

Renova-se a fala de que estamos tratando de educação e não conhecimento, já o primeiro deriva de tudo aquilo que aprendemos em casa através de hábitos e comportamentos e o último adquire-se através de estudos.

Sejamos cidadãos imbuídos de civismo e estaremos seguros, caso contrário, nossas cadeias seguirão lotadas de pessoas que desafiaram transgredir os preceitos básicos de convivência.

Colaboração de Rogério Valverde, advogado, secretário de Segurança Pública de Bebedouro).

Publicado na edição 10.838, de sábado a terça-feira, 20 a 23 de abril de 2024