Como está sua autoestima?

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Marcelo Bosch Benetti dos Santos

A autoestima pode ser definida como sendo a valorização que cada pessoa atribui a si mesma, o reconhecimento subjetivo ou o amor-próprio que cada indivíduo mantém a seu respeito. Sendo assim, ela está intimamente relacionada com o sentimento de confiança que cada pessoa deposita em suas próprias competências e potencialidades.
Por esta definição percebemos o quanto a qualidade da autoestima pode ser um indicador pertinente na avaliação de habilidades socioemocionais e até mesmo da saúde mental de um indivíduo. Pessoas que sofrem de transtornos mentais usualmente estão com sua autoestima alterada. Transtornos depressivos, transtornos de ansiedade, quadros fóbico-ansiosos, transtornos alimentares, transtornos de personalidade, indivíduos com comportamentos marcantemente disruptivos, caracterizados por impulsividade e agressividade, são apenas algumas exemplos de condições clínicas nas quais a autoestima está gravemente perturbada.
É óbvio que isso não significa que pessoas que estejam com sua autoestima rebaixada ou oscilando devido a circunstâncias do ambiente estejam com algum transtorno mental. Expectativas frustradas como as relacionadas ao desempenho escolar, acadêmico ou no trabalho, à necessidade de corresponder a algum ideal de beleza ou de aparência física, à conquista de uma pessoa amada e preocupação em agradar a todo momento todas as pessoas são circunstâncias que favorecem a oscilação da autoestima e que, dentro de certo limite, podem ser comuns.
Mas o que proporciona e mantém uma boa autoestima?
A maneira como uma criança percebe e de fato recebe o amor e o reconhecimento de seus pais ou de seus principais cuidadores é algo muito importante. São aspectos que irão interferir em seu narcisismo infantil (a sensação de onipotência da criança associada com o elevado amor-próprio e o elevado interesse em si mesma), repercutindo positivamente na estruturação de sua personalidade.
Outros fatores que interferem no fortalecimento da autoestima vêm sendo mostrados em pesquisas científicas recentes. Contrariamente ao que muitas vezes se acredita, estas pesquisas têm apontado que o sucesso de uma pessoa em suas próprias realizações e conquistas não é o ponto chave para incrementar a autoestima. Apesar de conquistas pessoais e profissionais gerarem sensações de prazer e de bem-estar, tais sensações seriam passageiras e pouco persistentes.
Uma pesquisa publicada em 2011 por duas pesquisadoras da área de psicologia da Universidade do Estado de Ohio (EUA), em parceria com outra psicóloga atualmente na Universidade da Carolina do Norte (EUA), mostrou que um caminho eficaz para desenvolver e preservar a autovalorização seria pensar menos em si e mais nos outros.
Tal pesquisa, realizada com estudantes de graduação (calouros universitários e colegas de quarto do mesmo sexo), sugeriu que atitudes empáticas e compreensivas entre eles – estando mais sensíveis às necessidades uns dos outros – favoreceram uma relação interpessoal mais íntima e confiante, ao mesmo tempo em que passaram a demonstrar maior autoestima. Por outro lado, aqueles que se preocupavam excessivamente com a ideia que o companheiro de quarto fazia de si foram menos atentos aos colegas – o que colaborou para que a autoestima de ambos se tornasse mais frágil.
Vale mencionar, de acordo com as primeiras pesquisadoras, que em outros estudos a autoestima estreitamente relacionada com a aparência física e com o sucesso profissional também apresenta maior vulnerabilidade.
Nesse sentido, esses dados parecem corroborar a ideia de que a autoestima, apesar de seu prefixo “auto”, está longe de ser natural e “autopromovida”. Ela está estreitamente relacionada com o social, com a qualidade das relações interpessoais que foram estabelecidas desde a infância e daquelas que ocorrem no presente. O interesse, o amor e o reconhecimento primordiais que uma pessoa recebeu em sua infância, assim como as relações atuais com os outros pautadas na empatia são indispensáveis para a preservação de sua autoestima ao longo da vida.
Finalmente, e retomando o título deste artigo, “Como está a sua… Empatia?”
(Colaboração de Marcelo Bosch Benetti dos Santos, Psicólogo, especialista em Psicologia Clínica, mestrando em Psicologia Clínica – PUC-SP).

Publicado na edição nº 9888, dos dias de 10 e 11 de setembro de 2015.