Teve início em Sharm El-Sheikh, Egito, a 27ª Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), mais conhecida como “COP 27”. O evento, já realizado em outras edições no Brasil, tem por objetivo a congregação de países, empresas, ativistas e investidores para estabelecimento de políticas e metas para limitar o aumento da temperatura global e os efeitos decorrentes das mudanças climáticas em nível mundial.
A conferência será palco para aproximadamente 90 Chefes de Estado e representantes de mais de 190 países, e será realizada até 18 de novembro, data em que a maioria dos dirigentes mundiais com presença confirmada deverá se comprometer com novos parâmetros de emissão de gases do efeito estufa e de contenção de atividades poluidoras, visando o cumprimento de metas climáticas.
Como grande cúpula global do clima, a COP, em sua 27ª edição, serve de cenário para discussões e tratativas não apenas em âmbito diplomático como, também, de espaço para alinhamentos e firmamento de compromissos por parte da iniciativa privada, especialmente as grandes corporações mundiais que contribuem, direta ou indiretamente, com a poluição e a emissão de gases nocivos à camada de ozônio.
Nesse contexto, por exemplo, grandes e relevantes produtores de soja, carnes e óleo de palma (commodities) se comprometeram, já no início do encontro, em cumprir objetivos e métricas para conter o aquecimento global em, no máximo, 1,5º C. A iniciativa, que compreende gigantes do agronegócio como ADM, Amaggi, Bunge, Cargill, Cofco International, Golden Agri-Resources, JBS, LDC, Marfrig, Musim Mas, Olam International, Olam Food Ingredients (OFI), Viterra e Wilmar International, foi gestada ao longo do Fórum Econômico Mundial e encabeçada pelos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido e pela Tropical Forest Alliance, organização público-privada de fomento a ações de preservação climática no bioma tropical.
De acordo com o compromisso acima, o sistema alimentar mundial, responsável por aproximadamente 30% das emissões de gases do efeito estufa, deverá diminuir suas atividades poluidoras em ao menos 80% até 2050. Tais metas deverão ser buscadas através do fortalecimento de políticas e regulamentos e do incentivo à proteção de recursos naturais a agricultores e pecuaristas, especialmente no cerrado brasileiro.
Vale destacar que parcela significativa das grandes tradings, empresas comerciais e exportadoras do agronegócio já estão se movimentando para cumprir metas internas de redução da emissão de gases-estufa ao longo de toda a cadeia produtiva. Tais movimentações, que envolvem atividades de rastreamento e vedação à compra de produção originada de regiões envolvidas com desmatamento ilegal, visam não apenas contribuir com o planeta e com a mitigação de riscos relacionados às mudanças climáticas como, também, gerar negócios socio-ambientalmente responsáveis e abrir novas oportunidades de comercialização da produção em países e regiões fortemente pautadas pelo desenvolvimento sustentável.
Verifica-se, portanto, que atores públicos e privados estão em busca de alternativas responsáveis e comprometidas com o futuro do planeta para gerar novos negócios e, ao mesmo tempo, contribuir com a preservação do meio ambiente. Alterações climáticas de grande monta seriam catastróficas para a humanidade, a fauna, a flora e o planeta como um todo, de forma que todos devem estar comprometidos com metas e objetivos ambiciosos de preservação e redução de efeitos adversos das mudanças climáticas. Estamos todos no mesmo barco e, nesse compromisso, é dever de cada um, inclusive você, buscar soluções para as gerações atual e futuras.
(Colaboração de José Mário Neves David, advogado e consultor. Contato: [email protected]).
Publicado na edição 10.714 de sábado a sexta-feira, 12 a 18 de novembro de 2022.