Antonio Carlos Álvares da Silva
As manifestações de protesto contra o governo Dilma, o PT e a corrupção, acontecidas no último domingo, dominaram o noticiário desta semana. Na véspera delas acontecerem, Dilma e seus assessores procuraram dar a elas um caráter rotineiro. Disseram: Protestos da oposição são usuais na democracia. Devem ser aceitos com naturalidade. Mas, os protestos alcançaram um vulto desmedido. Em São Paulo, mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas. Em outras capitais e em uma infinidade de cidades de todo o país o comparecimento foi proporcional. Com um acréscimo, que aumentou sua importância: Por onde os manifestantes passaram, os moradores das casas aderiram, estendendo bandeiras e faixas. Nos últimos 30 anos, desde o movimento das “Diretas Já” não acontecia movimentação popular equivalente. Diante desse quadro, o governo Dilma e o PT tiveram que mudar de postura. Antes, dividiam governo e oposição, em povo contra a elite. Fomentavam um confronto, prometendo uma guerra contra os inimigos do povo. Dilma, cuja principal característica pessoal é a arrogância, defendia o acerto, na condução de seu governo e culpava a situação internacional pela crise brasileira. Porém, diante do vulto das manifestações, foi obrigada mudar de postura. Disse, que a situação do governo estava difícil. Era necessário fazer um ajuste fiscal, para melhorar a situação. Pela primeira vez, tentou passar uma mensagem de humildade. Admitiu, que seu governo cometera erros no mandato anterior. Para tentar saná-los, pregou um diálogo com a oposição. Está fazendo um grande esforço, para obter o apoio total de um PMDB reticente e desconfiado. Esse apoio total é essencial, porque, até agora, por incrível, que possa parecer, a maioria do PT ainda não está apoiando o seu governo. Pelo contrário, luta abertamente contra a maioria dos itens do ajuste fiscal proposto pelo governo. Quanto à corrupção, que é uma doença mortífera contra os governos, Dilma tentou passar uma imagem, no mínimo romântica, se é que esse termo se ajusta ao caso. Ela disse, que a corrupção “é uma velha senhora, bastante idosa”, que existe, desde de tempos longínquos. Está incrustada em todas as administrações e não se estirpa de uma hora, para outra. Procurou impingir, que ela é própria do nosso povo. Procurou fazer esquecer, que as manifestações populares de domingo foram exatamente, contra o caráter, que Dilma está dando da corrupção. Domingo ela não apareceu na TV. Mandou seus ministros, José Eduardo Cardozo e Miguel Rosseto. O primeiro só disse obviedades sobre o direito de manifestação. Rosseto quis impingir, que os manifestantes eram aqueles, que tinham votado contra Dilma. Deixou implícito, que os eleitores de Dilma são uma manada de idiotas, incapazes de mudar de opinião, aconteça, o que acontecer.
Nos dias seguintes, Dilma apareceu na TV para anunciar o envio ao Congresso de um “Pacote contra a corrupção”. Resolveu entender, que é preciso combatê-la. Será que o PT vai apoiar, pelo menos esse pacote. Ou será, que vai blindar a “Velha Senhora” impedindo, que ela tire umas férias?
(Colaboração de Antonio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).
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Leia mais na edição nº 9820, dos dias 21, 22 e 23 de de março 2015.