Do intercâmbio para a vida. E ela está só começando.

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Marcos Pitta 

O intercâmbio está chegando ao fim. Nem parece que se passaram quatro meses. O tempo passa rápido mesmo, agora sou testemunha disso, mais do nunca. Esse período na Argentina, serviu, acima de tudo, para refletir. Já estou aprovado nas três disciplinas que cursei. Em uma delas, a que mais gostei, Produção Audiovisual, a aprovação veio com nota máxima. Alegria imensa. Mas, chegar até aqui, conquistar esta nota, fazer todos estes amigos e, finalmente, preparar a mala de volta, não foi um caminho fácil.
Primeiro porque estou no último ano da faculdade de Jornalismo e como todos sabem, é neste último ano que apresentamos o famoso Trabalho de Conclusão de Curso. Comigo não foi diferente. Quando aceitei participar deste intercâmbio, incluí um desafio a mais na minha lista. Além de conviver com outras pessoas; administrar uma determinada quantia em dinheiro para cinco meses; aprender outro idioma e vivenciar outra cultura, eu teria ainda, que dar o pontapé inicial no meu TCC.
Desafio proposto, desafio aceito e em processo de desenvolvimento. Nos três primeiros meses de intercâmbio, eu estava tranquilo. Teria que dar conta das matérias propostas pelos professores, estava dando para acompanhar e buscar as referências para iniciar o TCC, porém, o final chegou e, com ele, as provas finais começaram e a cabeça foi, aos poucos, ficando cheia. O estresse é duas vezes maior aqui. Além dos estudos para os exames finais em espanhol, a língua portuguesa não se distanciou de mim. Concluí o projeto do meu TCC. A parte teórica está pronta e os objetivos, justificativas e metodologias para começar a construir o livro-reportagem sobre a história de Taiuva, a minha cidade, foram apresentados à pre banca do Imesb (Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro Victório Cardassi).
Aquela sensação de dever cumprido tomou conta de mim. Organizei e escrevi um projeto de cerca de 15 páginas sobre a história de Taiuva, mesmo estando muito longe dela. Claro que este processo começou bem antes. Em meados de 2016, iniciei a pesquisa pelas minhas fontes e no começo deste ano, dei início às entrevistas. Isso facilitou a elaboração do projeto, finalizado em junho. Após a entrega do projeto e a divulgação das notas dos exames na universidade, um pensamento se sobrepõe: Consegui. Mesclei um sonho com o outro: fazer intercâmbio e iniciar um projeto que, certamente, irá preservar a história da minha cidade.
Agora, prestes a voltar ao Brasil, percebo que os desafios não acabaram. Para falar a verdade, eles só estão começando. Lá se foram os quatro anos de faculdade, que lá em 2014, parecia que durariam uma eternidade. A formatura está próxima. O diploma, provavelmente, estará nas minhas mãos para, então, eu ganhar o mundo. Agora sim, pode-se dizer que a vida está começando.
E que começo arrebatador. Vou desembarcar com uma bagagem bem grande, não do tamanho necessário (creio que isso não é possível), mas grande o suficiente para firmar meus pés no chão e dar o primeiro passo. Nessa bagagem, há uma experiência incrível, embora breve mas importantíssima, que foi a passagem pela Gazeta de Bebedouro, onde tive certeza da profissão que escolhi exercer; um intercâmbio que só colocou na minha cabeça coisas boas e me fez enxergar o quanto posso e sou capaz de ir além; uma educação primorosa adquirida através da família maravilhosa que tenho; amizades que me orgulho de ter feito; e, principalmente, fé e coragem, pois sem esses dois sentimentos, não estaria finalizando mais este artigo.

Correção – No último artigo que escrevi, cometi um engano ao explicar o CELU, Certificado de Espanhol: Língua e Uso, que meus companheiros brasileiros e eu tivemos que prestar aqui, na Argentina. No texto, disse que o exame é reconhecido também na China e, na verdade, é no Chile.

(Colaboração de Marcos Pitta, estudante de jornalismo no Imesb, em intercâmbio na Argentina)

Publicado na edição nº 10149, de 8, 9 e 10 de julho de 2017.