
A mudança climática é uma realidade sentida em todo o planeta. Estados do chamado “Primeiro Mundo” se preocupam com os efeitos do aquecimento global. Governos que há décadas não se preocupavam com o clima convenceram-se de que a ciência tem razão e de que o maior desafio posto à história da Humanidade é o aquecimento da Terra, fenômeno causado por insanidade humana.
Sinal indiscutível de que a questão é séria, o fato de todos os Bancos Centrais da Terra se ocuparem do tema. A economia é muito sensível às modificações da natureza. Eles estão revisando os modelos de risco e as avaliações de estresse diante de frequentes, reiteradas e cada vez mais intensas catástrofes resultantes da insensatez da espécie que se considera a única racional dentre todos os viventes.
Uma das providências dos responsáveis pelos Bancos Centrais foi a divulgação de uma obra chamada “Cisne Verde”, com a mensagem forte, emitida pela ciência, de que os riscos são diferentes. São sistêmicos e muito mais intensos e afetarão, de forma praticamente incontrolável, toda a economia mundial.
Os Bancos Centrais também formaram um grupo especial para o estudo da matéria. É o NGFS – Network for Greening the Financial System, eloquente atestado de que o verde interessa à economia. A formação desse fórum de discussões antecedeu a divulgação do último IPCC, o relatório da ONU que foi alarmante. A catástrofe está muito mais próxima do que se ousou imaginar.
A urgência chama a humanidade a uma postura de sensatez. A tecnologia está a serviço dessa tomada de consciência. A digitalização de quase todas as atividades atuais é parceira da redução na emissão dos gases venenosos que formam o efeito estufa. O dinheiro tem interesse em se reproduzir. Por isso, precisará custear pesquisas em busca de novas matrizes energéticas, em busca de um crescimento econômico mais inclusivo e sustentável.
Em novembro, na cidade de Glasgow, na Escócia, reunir-se-ão chefes de Estado empenhados em adotar providências que mitiguem os efeitos deletérios da mudança climática alterada pelo aquecimento global.
É importante que a cidadania também perfilhe essa conduta proativa e atue, no limite de suas condições. Lembrar-se do lema ecológico: “pensar globalmente, agir localmente”. Todos podem plantar uma árvore, cuidar da redução da inacreditável produção de resíduos sólidos, alertar as crianças e os ainda inconscientes, indignar-se fazendo chegar ao Parlamento e a todas as esferas de governo, a sua exigência por um comportamento compatível com os perigos que a Terra corre.
Quanto à mudança climática, é bom estar preparado: ela chegou e não vai mais embora. Quem vai é a humanidade, se não tomar tento.
(José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Brasileira de Letras – gestão 2021-2022).
Publicado na edição 10.614, de 2 a 5 de outubro de 2021.