“Um livro, uma caneta, uma criança e um(a) professor(a) podem mudar o mundo.” exclamou Malala Yousafzai, paquistanesa ganhadora do prêmio Nobel da Paz em 2014, em poderoso discurso nas Nações Unidas. Malala está certa – “Educação é a única solução!”. A educação é capaz de nos mostrar a saída para os problemas e as desigualdades tão complexas da nossa comunidade e do mundo. Garantir a educação de qualidade é questão tão importante que está presente na Agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável, o qual o Brasil é signatário – Objetivo 4: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos. Mas como podemos atingir esse objetivo? É preciso que haja vontade política, um projeto embasado, investimento contínuo e permanente, e a valorização do educador. No último dia 15 de outubro, foi o Dia dos Professores. Se você é capaz de ler este artigo, e melhor ainda, se você é capaz de “ler o mundo”, é porque você já teve presente na sua trajetória diversas professoras e professoras.
Vivemos a era da informação. O acesso à informação e ao conhecimento é facilitado pela internet, bastam apenas alguns cliques. No entanto, a realidade do dia-a-dia nos mostra que não é bem assim. Vivemos também a era da desinformação. E o que nos prova isso é o nível das discussões que estamos tendo atualmente ao redor da política e da sociedade. Explicar o “óbvio”, mostrando o que a história nos ensina e conscientizar as pessoas sobre a ideia de que o futuro é feito de projetos embasados e concretos, tem sido exaustivo. Fico angustiado ao pensar na luta dos professores humanistas e no quanto estão sendo desrespeitados neste momento de crise. A força advinda da educação e dos livros tem nutrido e fortalecido muitos daqueles que querem um país verdadeiramente melhor para todas e todos. Nas redes sociais, diversos professores, profissionais e influenciadores estão compartilhando em suas páginas informações, conhecimento e fontes para nos ajudar a reverter essa concretização do “mito da caverna” de Platão. Estamos desbravando essa caverna!
Enquanto muitos, mesmo sem terem conhecimento, criticam e distorcem Paulo Freire – Patrono da Educação Brasileira e terceiro pensador mais citado em trabalhos acadêmicos pelo mundo (NEXO, 2016) –, o autor ainda continua sendo importante referência da educação para o futuro. Em seu livro “Educação como Prática da Liberdade” (1985), Freire afirma que “Necessitamos de uma educação para a decisão, para a responsabilidade social e política” (p. 88), “Uma educação que possibilitasse ao homem a discussão corajosa de sua problemática. De sua inserção nesta problemática. Que o advertisse dos perigos de seu tempo, para que, consciente deles, ganhasse força e a coragem de lutar, ao invés de ser levado e arrastado à perdição de seu próprio “eu”, submetido às prescrições alheias” (pp. 89-90). Neste momento, mais do que nunca, é preciso pensar por si próprio. Se informar, se educar e se conscientizar!
Vale enfatizar que o pensamento crítico é a chave para a defesa da nossa democracia e para o desenvolvimento da nossa nação. Segundo a acadêmica estadunidense bell hooks, “Hoje em dia, a maioria dos estudantes simplesmente assume que viver em uma sociedade democrática é seu direito de nascimento; eles não acreditam que devam trabalhar para manter a democracia” (2010, p. 14). A autora, que defende a educação democrática e o incentivo ao pensamento crítico nas escolas, afirma que “Práticas autoritárias, promovidas e encorajadas por muitas instituições, comprometem a educação democrática em sala de aula. Ao enfraquecer a educação como a prática da liberdade, o autoritarismo na sala de aula desumaniza e, portanto, desliga a “magia” que está sempre presente quando os indivíduos são aprendizes ativos” (2003, p. 43).
Devemos recorrer à educação para superarmos a crise, pois ela é capaz de nos mostrar a saída para os nossos problemas. A educação e as nossas professoras e professores são os nossos fachos de luz na escuridão em que vivemos. E precisamos dessa luz mais do que nunca! Força professores!
Colaboração de Arthur Fachini – formado em Relações Internacionais e ativista pelos Direitos Humanos e pela igualdade de gênero.
(…)
Leia mais na edição nº 10325, de 20, 21 e 22 de outubro de 2018.