Fomo, Fobo & outras fobias

*José Renato Nalini

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Gosto muito de ler Ronaldo Lemos, diretor do instituto de tecnologia e sociedade do Rio de Janeiro e um grande conhecedor das novas tecnologias. Aprecio todos os seus artigos que, no final, trazem três sintéticas menções: “já era”, “já é” e “já vem”. Com isso, ele sinaliza o advento daquilo que nos surpreenderá em termos de avanços científicos.

Reencontro um artigo antigo, cujo título é “Medo de perder alguma coisa”, no qual Ronaldo conceitua o Fomo. Vem de “fear of missing out”, ou medo de perder alguma coisa em inglês. O conceito existe desde 2000, mas tornou-se epidêmico a partir da popularização dos smartphones. São as extensões do nosso corpo às quais ficamos conectados o tempo inteiro.

Fomo significa o receio que o comum dos mortais tem, de não estar aproveitando devidamente o tempo, de não fruir dos mesmos prazeres daqueles que fazem coisas incríveis e continuamente postam no Instagram e no Facebook os seus êxitos e conquistas.

É o que dá a sensação de estarmos perdendo alguma coisa e de que poderíamos estar a fazer coisa melhor. Como diz Ronaldo, somos transformados em “economistas do nosso próprio tempo”.

Um primo do Fomo é o Fobo: “Fear of being offline”, ou medo de ficar desconectado. Um estudo do Facebook realizado em 13 países indicou que entre jovens de 13 a 24 anos, o medo da desconexão chega a ser paralisante. 75% deles se recusam a sair de casa se não estiverem com os seus celulares. Esse medo é significa ativamente alto entre jovens brasileiros. Um jovem de 16 anos afirmou: “Não consigo viver sem saber o que as pessoas estão fazendo ou pensando. Se fico mais de 10 minutos sem o meu celular é muito difícil’.

Esse o mundo em que vivemos. Acrescentem-se fobias como a de contrair Covid-19, perder uma pessoa querida, ficar sem emprego, sofrer assaltos violentos ou até crimes cibernéticos.

A humanidade tem todos os sintomas de uma patologia que ainda não tem vacina. Aquele mal-estar generalizado, aquela sensação de desconforto, a incerteza quanto ao futuro e outros males.

O que fazer? Encontrar-se a si mesmo, meditar e ler, escrever e orar. Quem não fizer isso, corre o risco de se entregar à ansiedade e ficar de fato enfermo.

(Colaboração de José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras  – gestão 2021 – 2022.)

(Publicado na edição 10.597, 31 de julho a 3 de agosto de 2021)