Iamspe, uma novela antiga

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Serviço de assistência médica ao funcionalismo público estadual é fonte de dores de cabeça há décadas.

Engana-se quem pensa que o fim do contrato entre Hospital Unimed e Iamspe é fato novo. Os servidores públicos estaduais e seus familiares, usuários do convênio estadual há anos passam pela insegurança disto acontecer.
Tendo religiosamente descontado de seus holerites por anos, a contribuição para o Iamspe, o servidor público fica revoltado com a situação que não foi criada por ele, apesar de tantos apelos para que fosse evitado .
Criado em 1952, o Iampse foi uma boa ideia que saiu dos trilhos com o decorrer das décadas. Apesar de contar com a receita garantida do desconto obrigatório dos servidores públicos, o maior convênio do estado de São Paulo, talvez por erros de gestão, perdeu sua autosuficiência.
Se ao longo destes anos, os recursos recebidos fossem corretamente aplicados, haveria condições de terem construído Hospitais do Servidor em cada região do estado. Optou-se pela terceirização que ao longo dos anos tornou-se alternativa cara, porque nada é barato em saúde.
Como os dirigentes do Iamspe eram sempre escolhidos por critérios políticos, foram admitidas na administração, pessoas que sequer tinham formação técnica para gestão financeira. A incompetência é a única explicação para a falta de recursos.
Dá para o governo de SP contornar a situação, corrigindo a tabela de procedimentos, mas como se diz em medicina, o efeito será apenas analgésico, porque a ferida ainda estará lá, inclusive com as causas dela.
Passados 61 anos de existência do maior convênio público, talvez ainda dê tempo de terceirizar a gestão, através de licitação, entregando a administração para os grupos privados de saúde, que há tempos estão de olho.
Longe do discurso ideológico, o aconselhável é fazer como alguns setores estatais. Foram privatizados, e em pouco tempo descobriu-se a melhora na prestação de serviço. Para manter o interesse público pode-se criar o conselho fiscal composto de usuários, com poder deliberativo.
Quantos aos erros do passado, já passou da hora da Assembleia Legislativa criar uma CPI para investigar o Iamspe. Isto só não aconteceu até agora porque os deputados são atendidos por outro convênio, bem mais eficiente.

Publicado na edição nº 9617, dos dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2013.