Isso ninguém explica…

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Antônio Carlos Álvares da Silva

Ao saudar o Papa, no Rio de Janeiro, Dilma fugiu do assunto, atropelou o protocolo e tentou explicar as últimas manifestações no Brasil. Disse, que elas foram feitas por estudantes da classe média, cujo número aumentou muito, porque o governo do PT incluiu muitos pobres na classe média. Até daria, para engolir essa fala, se ela, pelo menos, também tentasse explicar o seguinte: Pouca gente repara, mas, já faz uns 3 meses que a Petrobrás – estatal, cujo Conselho de Administração é presidido por Dilma – vem fazendo uma intensa propaganda na TV. Essa propaganda exalta a grandeza e os grandes feitos da empresa. Essa propaganda contrasta com a situação financeira dela. É público, que suas ações na Bolsa, em pouco tempo, perderam 8 vezes seu valor de mercado. Um dos motivos é, que a companhia deixou de ser autossuficiente em petróleo e importa mais de 100 mil barris por dia. O produto dessa importação, a gasolina, é vendida a preços subsidiados – com prejuízo – para evitar, que a inflação suba ainda mais. Também contribuiu, para a desvalorização, o nebulosos negócio da Refinaria de petróleo de Passadena, nos Estados Unidos. Essa refinaria havia sido comprada em 2005, pela empresa belga Astra Oil, por 42,5 milhões de dólares. Em 2006, a Petrobrás comprou metade das suas ações por 360 milhões de dólares. Esse aumento no preço ficou ainda mais inexplicável, porque a refinaria precisou de um enorme aporte de capital, para funcionar, refinando míseros 150 mil barris por dia. Essa tentativa de capitalização gerou um desentendimento e a Petrobrás precisou desembolsar mais 838 milhões de dólares, para ficar com a totalidade da refinaria. Tradução: a Astra Oil comprou a refinaria por 42,5 milhões de dólares e, em pouco tempo, a Petrobrás pegou por ela 1 bilhão, 154 milhões de dólares (Estadão, 17/7, A-2). O Ministério Público resolveu investigar esse negócio, há um ano, mas, ele continua envolto em sombras. Com esse quadro, alguém deveria explicar, o que pretende a Petrobrás com caríssima e contínua propaganda, que veicula na TV.

Eike Batista e o BNDES

Há um ano, Eike Batista era tido como um dos homens mais ricos do mundo. Além de uma vida superluxuosa, povoada de lindas mulheres, teve destaque por algumas extravagâncias em relação ao ex-presidente Lula. Construiu um caro memorial para abrigar a fundação que guarda todos os documentos da ação de Lula no mundo e ainda arrematou em leilão um terno usado dele por 500 mil reais. Era considerado o novo magnata do petróleo e da energia. Para explorar essas riquezas montou uma grande série de empresas diferentes, mas identificadas como suas por terem um “X” no nome. Capitalizou essas empresas, vendendo suas ações na bolsa brasileira. Além disso, conseguiu empréstimos no BNDES no total de 10,7 bilhões de reais, a juros subsidiados, oferecendo as ações das próprias empresas “X”. De repente, todo esse patrimônio se evaporou e as ações, cujo valor chegou a mais de 20 reais cada, passaram a valer poucos centavos. Atualmente, de todas elas, apenas a MPX, de energia não sofreu desvalorização. Resultado: O balanço do BNDES, banco estatal, sofreu um rombo de 38%, enquanto os demais bancos apresentaram lucro de 25% (Estadão, 16/7 – A-2). Enquanto isso, para equilibrar suas contas, o governo contabilizou como patrimônio os futuros lucros, que receberá do BNDES. Lembrando, que o BNDES fez trapalhadas semelhantes com frigoríficos, fica difícil explicar, como é, que ele terá lucros, para repassar para o governo. Faz tempo, que o BNDES tem esse comportamento e ninguém explica.

Protestos e passeatas

Já, que estamos na época de explicações, percebi mais uma situação estranha: Na última semana, a TV mostrou seguidamente, pessoas infiltradas em passeata, destruindo e saqueando lojas, bancos e empresas no Rio de Janeiro. Quase todos usavam máscaras e capuzes, para esconder os rostos. A polícia reclamou da violência, que chegou a atingir policiais, mas não tomou medidas para cobrir essa violência. Também, não impediu o uso de máscaras nas passeatas. Se a polícia pode pedir identificação para qualquer cidadão, fica claro, que o uso de máscaras não é permitido, pois elas impedem a identificação. Aliás, há um ano, o governo da França proibiu, que mulheres muçulmanas usassem burcas e véus nos espaços públicos, porque esse traje impedia a identificação delas. Restringiu seu uso aos templos e lugares fechados. Apesar do protesto dos mulçumanos a proibição foi mantida. Aqui no Brasil, as pessoas usam máscaras nas passeatas, já denunciando sua intenção e a polícia nada faz. Depois, se queixa da violência. Fica difícil de entender.

(Colaboração de Antônio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).

Publicado na edição n° 9576, dos dias 27, 28 e 29 de julho de 2013.