Reportagem traz experiência de outra cidade em como ajudar os moradores de rua.
Não existe imparcialidade na nossa profissão. O jornalista é sempre parcial, porque ele não consegue descrever os fatos sem colocar uma dose do que pensa, do que sente. A frase é de um dos mestres do jornalismo brasileiro, Heródoto Barbeiro, atualmente âncora da Record News.
Seu pensamento encaixa-se perfeitamente com a motivação que gerou pauta sobre moradores de rua, em Bebedouro. Durante o trajeto da cobertura de um dos eventos do aniversário da cidade, em uma noite fria, duas jornalistas da Gazeta ficaram indignadas com a situação de pessoas que dormiam ao relento, nos bancos da principal praça da cidade.
A opção mais fácil seria tirar fotos, entrevistar estas pessoas e cobrar providências dos governos. Mas nos tempos atuais, como recomenda Heródoto Barbeiro, deve-se também ajudar na solução dos problemas que noticiamos.
Com esta meta, nesta edição, a Gazeta publica uma nova reportagem com a experiência de um município da região, Catanduva, que com boa vontade, pode ser implantada em Bebedouro. Bons exemplos podem e devem ser imitados.
Existe uma gama de programas sociais, fornecidos pelos governos estadual e federal, basicamente de transferência de renda, com objetivo de ajudar famílias de baixa renda. Mas há pouquíssimos projetos direcionados para quem está abaixo da linha da miséria.
Assim como acontece em Catanduva, a Prefeitura de Bebedouro é dotada de capacitadas assistentes sociais. Além disso, o Imesb tem conceituado curso de Serviço Social. Seria ideal a união dos dois universos para elaboração de um projeto municipal que retire pessoas das ruas, sem optar pela solução paliativa: dar-lhes uma passagem, encaminhando-os para a próxima cidade.
Em parceria com entidades assistenciais poderia ser montada uma espécie de casa transitória, como existe em Catanduva, para acolhimento, recuperação e capacitação dos moradores de rua.
A reportagem desta edição é a forma da Gazeta contribuir pela vida de quem mais precisa e pela melhoria da cidade. O jornalismo não pode ser apenas a vitrine de exposição dos problemas. Quando faz isto, opta pelo sensacionalismo e oportunismo. Não é o caso da Gazeta nos seus 88 anos de trabalho.
Publicado na edição nº 9549 dos dias 21 e 22 de maio de 2013.