
Finalmente, chega às livrarias a primeiro livro que se propõe – e consegue — traçar um painel abrangente da influência da diplomacia na formação do Brasil. Obra que vem suprir uma inexplicável ausência na historiografia nacional é resultado de paciente pesquisa e das memórias de Rubens Ricupero, um dos mais respeitáveis nome que passou pelo Itamaraty. Diplomata, professor, ex-ministro e representante do Brasil em importantes organismos internacionais, Ricupero se debruçou sobre as abordagens fragmentadas do tema que elegeu, que aparecem dispersas como capítulos de livros sobre o país ou contextualizando biografias e outros estudos sobre personagens relevantes nas relações exteriores. Somou a elas a visão interna dessa estratégica área, com base na sua vivência nessa área desde 1961 e que, mesmo depois de aposentado, nunca abandonou, pois continua a ministrar aulas em renomadas faculdades.
Com a modéstia que lhe é própria, confessa que se deu ao trabalho de escrever A diplomacia na construção do Brasil/1750-2016 (Versal Editores), um alentado volume de 780 páginas que será lançado, com palestra do autor, na próxima terça-feira, no Teatro CIEE, depois de uma peregrinação a livrarias e bibliotecas na tentativa, frustrada, de indicar um título sobre sua especialidade aos seus alunos. O resultado, entretanto, vai muito além. Servirá, é verdade, como um precioso livro de estudo e consulta para estudantes de relações exteriores e disciplinas afins quanto para os interessados em entender, a partir de fonte confiável, como se formou a identidade nacional, na importante vertente da presença no cenário internacional.
O aprofundado estudo mostrará o quanto o Brasil deve a seus diplomatas — muitos deles condenados ao esquecimento, em mais uma prova da falta de memória da sociedade. Caso da independência, da abolição dos escravos, da definição das fronteiras que delimitam o país-continente, título que ostentamos com orgulho. Ricupero busca se afastar de visões estereotipadas da diplomacia, apontando erros e equívocos, ao lado dos muitos acertos que, salvo alguns períodos, conquistaram o respeito da comunidade internacional por suas iniciativas, propostas, defesas da busca de soluções pacíficas para conflitos internacionais. Por isso e muito mais, vale a leitura.
Colaboração de: Luiz Gonzaga Bertelli, presidente do Conselho de Administração do CIEE