Cigarro mata

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Humphrey Bogart, ator americano, morreu de câncer de pulmão aos 57 anos. Ingrid Bergman, foi-se com câncer de mama. Gary Cooper com câncer de próstata. Steve McQueen, com câncer de pulmão. Yul Brinner, câncer de pulmão. Dick York (o marido da Feiticeira do seriado original), morreu devido a um enfisema pulmonar. O músico Duke Ellington, com câncer de pulmão. Paul Newman, com câncer de pulmão. Michel Landon (do seriado Bonanza), com câncer de pâncreas. James Gandolfini (da Família Soprano), infarto.
Hollywood sempre teve uma relação promíscua com a indústria tabagista. As mais cobiçadas estrelas do cinema (veja alguns nomes acima) se vendiam por enormes quantias de dinheiro para praticarem o pernicioso hábito de fumar frente às câmeras, dando um péssimo exemplo aos milhões de fãs ao redor do mundo.
E, sem nenhuma surpresa, sabe-se que a grande maioria dessas estrelas teve a vida sensivelmente abreviada. Poucos chegaram à idade de 60 anos vivos para desfrutarem da fama e da fortuna acumulada. Alguns, como Yul Brinner, chegaram a declarar publicamente às vésperas da morte, que estavam profundamente arrependidos por fumar durante anos seguidos. Outros sequer tiveram tempo de se arrepender. Morreram em uma luta inglória.

Fatídicas estatísticas

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há no mundo cerca de 1,3 bilhão de pessoas fumantes. Iniciam o hábito normalmente na adolescência (entre 13 e 18 anos), influenciadas geralmente por colegas, parentes próximos, filmes ou propagandas específicas. Em tese, bastam algumas poucas tragadas para o vício dominar, e depois de dominados, os fumantes viram fiéis escravos do hábito por décadas a fio.
Ainda de acordo com a OMS, cerca de seis milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência do hábito de fumar. O Brasil contribui com cerca de 200 mil mortes anuais, segundo o IBGE. E gasta, nesse mesmo período, cerca de 26 milhões de reais para tratar as doenças relacionadas ao tabaco.
Mantidas essas taxas de consumo, em 2030 o número de óbitos poderá atingir a casa dos 10 milhões, sendo desses, 70% vítimas em países em desenvolvimento. Para se ter uma idéia, nem Hitler e sua nefasta máquina de extermínio conseguiu produzir tantas vítimas quanto às perpetradas pelo tabaco. Nenhuma guerra ou batalha em todos os tempos chegou a esses índices.

Fábrica de horrores

A Souza Cruz, entendendo a mudança para um clima desfavorável ao hábito de fumar, rapidamente tem realizado campanhas com temas de responsabilidade social e ambiental. Construiu parque para preservação ambiental, ganhou prêmio de responsabilidade social, desenvolveu programas culturais, desenvolveu programas de ajuda a recuperação de solos para pequenos produtores, enfim, inseriu-se sorrateiramente nos veios da sociedade como uma companhia amiga da população.
Mas nós sabemos que ela ainda é e continuará sendo (enquanto estiver produzindo cigarros) uma grande fábrica que estimula o câncer no pulmão, na boca, na faringe, na laringe, no estômago e no fígado; estimula também a catarata, a diabete, a osteoporose, a úlcera e o envelhecimento precoce; pode provocar o aborto, o pé torto, o estrabismo, a bronquite e a sinusite; e principalmente, fomenta perniciosamente a perda, sempre com dor e muito sofrimento, dos nossos entes queridos. Prezado leitor, não lhe parece uma verdadeira fábrica de horrores?
É por isso que todos nós temos o dever de realizar campanhas para ajudar principalmente a população jovem, que está mais suscetível ao engodo da indústria tabagista, a discernir entre a fantasia cativante da propaganda de cigarro e a realidade funesta das conseqüências do ato de fumar.
Saiba que se plantássemos alimentos ao invés do tabaco poderíamos alimentar entre 10 a 20 milhões de pessoas diariamente no mundo? Não vale a pena?

Publicado na edição nº 9711, do dia 26 e 27 junho de 2014.