Lula guarda o certo no fundo do baú

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Antonio Carlos Álvares da Silva

Muitas coisas distinguem o homem civilizado, do selvagem. Dessas coisas, a mais intuitiva é a distinção entre o certo e o errado. Não estou querendo dizer, que o civilizado só faça coisas certas e o selvagem as erradas. Restringindo esse conceito para os políticos, sempre existiram os oportunistas, aqueles que buscam levar vantagens pessoais no exercício de sua atividade. Apesar disso, eles sempre tiveram uma noção clara, daquilo que é certo, e o que é errado. Em decorrência, eles exaltam, o que fazem certo e tentam camuflar e esconder os atos reprováveis cometidos. Mas, até esse pudor, quanto ao errado está desaparecendo. O exemplo mais atual é o caso do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O Ministério Público da Suiça enviou ao Brasil uma infinidade de documentos, demonstrando, que ele e sua família têm um grande número de contas bancárias de milhões de dólares, naquele país. A remessa desses documentos coincidiu com denúncia, que Eduardo Cunha recebera uma propina de 5 milhões de dólares de uma empreiteira, para conseguir um contrato com a Petrobrás. Juntando os dois fatos, a conclusão é fatal: Eduardo Cunha cometeu o crime de corrupção. É um fato público, que deveria merecer a reprovação de todos os políticos brasileiros. Isso não aconteceu. Existem alguns deputados e vários políticos, que têm interesse – provisório, é verdade – em manter Eduardo Cunha na presidência. Até aí, não é novidade. O que mudou foi o seguinte: Antigamente esse comportamento era feito às escuras, por debaixo do pano. Mas, hoje Lula reúne a bancada do PT e recomenda claramente para apoiarem Eduardo Cunha (Estadão, 16-10-15, A-6). Assim, em pagamento, Eduardo vai obstruir os pedidos de impeachement contra Dilma. Quer dizer: vão defender publicamente Cunha, um criminoso corrupto, para impedirem o andamento de processo previsto na Constituição. Se os atos cometidos por Cunha são certos ou errados, não existe cogitação. Um criminoso pode continuar na presidência desde que obedeça aos interesses do PT. Essa é, definitivamente, o fim da picada!

De boquinha
em boquinha
O episódio é corriqueiro, já acontece faz um mês, mas tem um aspecto pitoresco. A petista Ideli Salvati sempre esteve nas entranhas do poder. Na primeira administração Dilma assumiu o Ministério da Pesca. Depois, esteve à frente de diversas Secretarias de governo. Em setembro, foi nomeada Assessora de Direitos da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington nos Estados Unidos. Até aí nada estranho. Ideli está grudada no governo, não sabe fazer outra coisa e tem direito à sua boquinha. O fora da rota é que Ideli é casada e seu marido é músico de uma banda militar das forças armadas. O casal não poderia se separar. O impasse teve o seguinte desfecho: O marido de Ideli foi nomeado Ajudante da Subsecretaria de Serviços Administrativos e Conferência na Junta Interamericana de Defesa. – Eta cargo de nome comprido – A novidade é, que ele vai ganhar mais 30 mil reais por mês (Estadão A-6, 25-09-15). Acredito, que o tamanho do nome do cargo é que justifica o salário. Se você ainda não sabia, como eu também, porque o vocábulo “Consorte” significa cônjuge marital, aí tem uma bela explicação.

(Colaboração de Antônio Carlos Alvares da Silva, advogado bebedourense).

(…)

Leia mais na edição nº 9906, dos dias 24, 25 e 26 de outubro de 2015.