Vermelho, Branco e Sangue Azul está disponível no Prime Video, desde 11 de agosto e trata-se da adaptação do livro de mesmo nome da autora Casey McQuiston e se encontra em 1º no Top 10 da plataforma, sendo um dos filmes mais assistidos no mundo, atualmente. O longa metragem, no entanto, é dividido perceptivelmente em dois públicos. Os que leram o livro e os que só conhecem a história, agora, após a divulgação da adaptação, mas que não tiveram, pelo menos por enquanto, acesso às quase 400 páginas da história.
Para os fãs do livro, o filme é bom, mas fica sempre aquela sensação de que algo está faltando. Isto, no entanto, é histórico em toda e qualquer adaptação literária para o audiovisual. O fato é que para encaixar no vídeo, a narrativa precisou ser mexida, claro, sem mudar os rumos da história. Isso sim seria inadmissível. O filme começa e termina igual ao livro, com ajustes feitos para caber no tempo de tela. Alguns personagens sequer aparecem e outros são incluídos para casar melhor os ganchos, nada que estrague o que foi proposto. Para quem só teve acesso ao filme, o longa é um romance de dar água na boca.
Estrelado por Nicholas Galitzine e Taylor Zakhar Perez, o filme se desenrola após Alex, o filho da presidenta dos Estados Unidos e o príncipe Henry da Grã-Bretanha se encontrarem em um evento real e, após uma confusão, se tornarem assunto de tabloides por conta de sua rivalidade. Quando eles são forçados a uma trégua encenada, uma história de amor começa a ser construída. O problema disto é a prisão em que os dois vivem, um na coroa real, o outro na política do país mais importante e poderoso do mundo.
Alex é bissexual e Perez consegue dar o tom perfeito ao personagem descolado e romântico descrito nas páginas do livro. Henry, gay, esconde isto de tudo e todos, afinal, como diversas vezes é mencionado na história, os príncipes não podem ser gays. Apesar do longa ter traços de comédia, o drama dos personagens pode ser sentido no público, tanto no literário, quanto no audiovisual. Os atores conseguiram dar o tom perfeito aos personagens e a química entre eles é perceptível, desde o primeiro encontro, na primeira cena. Com isto e com uma direção bem planejada, com ótimos cenários e uma fotografia de tirar o fôlego, unindo a realeza, que transmite um ar épico, à modernidade estadunidense do século vinte e um, a adaptação traz um romance na medida certa, nem meloso, nem frígido, capaz de agradar até aqueles que não são muito fãs da comédia romântica.
O filme, assim como o livro, não foge à principal regra: o amor. Vermelho, Branco e Sangue Azul mostra que não existem barreiras quando se ama e quando a construção deste amor é bem feita. Alex e Henry não precisaram dar tempo ao tempo, se emocionaram, se amaram, brigaram, enfrentaram desafios externos e principalmente os internos e, mesmo assim, sabiam do sentimento real um pelo outro.
Vale a pena as duas horas à frente da televisão, assim como folhear 400 páginas de um livro, seja ele físico ou digital.
Publicado na edição 10.782, sábado a terça-feira, 19 a 22 de agosto de 2023