A transformação digital no Agronegócio abriu as porteiras do mercado e exigem que empresas tradicionais acelerem o processo de inovação para manterem-se competitivas no mercado. O Agro brasileiro vem acompanhando essa tendência 4.0, sendo considerada uma das áreas que mais investe em inovação, principalmente com as startups do agronegócio (agtechs).
Os dados têm papel fundamental para o negócio, pois são considerados ativos da empresa e geram vantagens competitivas no mercado (commodities). Os dados pessoais, chamados de “o novo petróleo” ou “o novo urânio”, estão sujeitos à Lei Geral de Proteção de Dados, e que se não for aplicada adequadamente poderá resultar em entraves à contínua adoção de tecnologias no campo.
No cenário atual, o agro representa aproximadamente 25% do PIB nacional, movimentando em cerca de R$ 2 trilhões por ano, tornando o Brasil um importante player na balança comercial mundial, exportando alimentos para 160 países. E, recentemente, foi aprovado o Plano Safra destinando R$ 364 bilhões ao setor para apoiar a agropecuária nacional.
É preciso um olhar amplo para o setor, considerando essa expressiva importância econômica e a sofisticação dos processos internos, desde maquinários autônomos, softwares avançados de gestão e grandes transações internacionais. Com esse olhar percebe-se que os dados pessoais estão por toda essa cadeia, desde antes da porteira, como os fornecedores de insumos, por exemplo; dentro da porteira, através da grande quantidade de tecnologia embarcada no campo; bem como, depois da porteira, com as atividades de processamento, distribuição, marketing e armazenamento.
Neste cenário, tem aumentado o número de incidentes de segurança, como, por exemplo, ransomware que criptografa base de dados e exige pagamento de resgate para que o acesso seja restaurado. De acordo com pesquisa da IBM, o Brasil foi o país com taxa de crescimento mais acelerada em perdas financeiras, apresentando custo médio relativo a cada violação em US$ 1,38 milhão, com aumento de 27,8%.
Portanto, para que esta transformação digital continue sustentável, é fundamental olhar para os aspectos relacionados à cultura organizacional, aos processos internos e ao plano de capacitação das equipes. Estabelecer governança com o intuito de preservar o valor da empresa e gerar valor de forma perene. Afinal de contas, as pragas agrícolas não estão mais apenas na lavoura, mas também no ambiente digital.
(Colaboração de Rodrigo Toler, advogado de Privacidade e Proteção de Dados no Opice Blum, Bruno Advogados. É Mestre em Direito, Justiça e Desenvolvimento pelo IDP. Possui certificação DPO/EXIN e CIPM/IAPP. Membro do IASP, atuando na comissão de implementação da LGPD e pesquisador voluntário do Cedis Privacy Lab. Graduado em Direito com especialização em Processo Civil, Direito Digital e Proteção de Dados).
Publicado na edição 10.774, sábado a terça-feira, 22 a 25 de julho de 2023 – Ano 99