A dimensão dos estragos que as mudanças climáticas podem causar para todos os que estão na Terra neste século é incalculável. Alguém consegue avaliar o que custará a reconstrução do Rio Grande do Sul? Pois aquilo que ali aconteceu, pode se repetir em qualquer lugar. Não há espaço incólume. Todos estamos no mesmo sofrido planeta, que resolveu mostrar à humanidade as consequências da insana forma de explorar seus recursos naturais.
Alguns ainda pensavam que era suficiente fazer um seguro. Mas não haverá seguradora que possa responder pela imprevisão dos custos. A cobertura das seguradoras para os investimentos já comprometidos para financiar a meta zero de emissões líquidas de gases poluentes, alcançaria a cifra nada modesta de dez trilhões de dólares.
Os que respondem pelo mercado de seguros sabem do papel vital da cobertura de seguro na transição energética e têm certeza de que os desafios são muito maiores do que se poderia imaginar. Assim, elas não vão assumir novos riscos. Principalmente porque há ausência total de dados confiáveis em relação ao histórico sobre perdas e o seu crescimento nas últimas décadas.
Só o prejuízo pelo qual as seguradoras responderam quando tiveram de indenizar os painéis solares destruídos por granizo, foi o suficiente para que elas deixassem de pensar em novas coberturas.
Assim como ocorreu no Rio Grande do Sul, onde o custo da precaução e da prevenção seria de 5% daquele que se calcula para a recuperação parcial de tudo o que se perdeu, o melhor é prevenir. Remediar custa caro e é sempre quase simbólico, muito parcial. Porque o custo de mortes é impagável.
A receita para a mitigação dos males decorrentes do aquecimento global é conhecida: basta devolver à terra o que dela se subtraiu. Plantar mais árvores. Abrir espaços no asfalto e no concreto para que a terra ressurja e possa drenar a água que cairá nas precipitações pluviométricas muito intensas. A chuva despeja água. E se esta encontra um solo inteiramente impermeável, ganhará força, formará torrentes e enxurradas e levará tudo consigo.
É simples. É trivial. É o óbvio. Só a insensatez humana é que não enxerga e não cuida de evitar perecimento de existências e de bens materiais. Até quando?
(Colaboração de José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo).
Publicado na edição 10.869, de sábado a terça-feira, 31 de agosto a 3 de setembro de 2024 – Ano 100