O governo chinês tem exata noção de sua responsabilidade quanto às mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global. Mostra sua consciência ecológica ao levar a sério a questão da sustentabilidade e exigir produção que respeite o meio ambiente. Dentro de seu imenso território, mas também fora dele.
As exigências já constam do Plano Quinquenal 2021-2025 e isso terá consequências para o agronegócio brasileiro. Mais da metade da carne bovina exportada pelo Brasil neste ano foi adquirida pela China, também a compradora de quase metade da carne suína.
A China já evidenciou a sua capacidade de rápida mudança de hábitos e isso é perceptível quando acelera a produção e o desenvolvimento verde e de baixo carbono. Ela esteve em Glasgow e firmou declaração conjunta com os Estados Unidos destinada a combater os efeitos das mudanças climáticas. Não mais comprarão produtos que se originem de desmatamento. Por enquanto, fazem o rastreamento para assegurar a higidez do produto, com vistas à segurança alimentar.
A propaganda interna faz com que os chineses se interessem por produtos por eles mesmos cultivados e que atendam aos requisitos da redução de carbono. Será automática a adoção dos mesmos caracteres em relação às comodities adquiridas do Brasil.
É preciso ter presente que a China estimula plantações em seu próprio território, para reduzir a dependência à importação estrangeira e também promove na África vastas áreas de produção, para obter uma saudável competição entre os exportadores.
A próxima COP, a de número 27, no Egito, vai intensificar as exigências de compromisso de todas as nações com a descarbonização e isso afetará, sem dúvida, o agronegócio brasileiro.
Essa ameaça abre oportunidade para os pequenos agricultores, que poderão comercializar os produtos da agricultura familiar, desde que orgânica, liberada dos venenos que foram importados e aceitos, embora proibidos em países do Primeiro Mundo. Haverá mercado e procura por colheitas muito especiais, desde que afinadas com a consciência ecológica predominante na parte mais civilizada do planeta. Hora de aproveitar oportunidades.
(Colaboração de José Renato Nalini, Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-2022).
Publicado na edição 10.709, de sábado a terça-feira, 22 a 25 de outubro de 2022.