Ninguém investe em uma cidade à beira da bancarota, como alguns gostam de dizer.
Neste momento, os países do Mercosol assistem atônitos ao iminente calote da Argentina, porque os investidores não aceitaram as condições de negociação. A presidente Cristina Kirchner parece tão infantil, ao praguejar contra os investidores, quanto sua amiga Dilma Rousseff, que culpa o pessimismo, pelo mal desempenho da economia brasileira. Devemos respeito a estas duas mulheres, que alcançaram o cargo mais alto do poder na Argentina e no Brasil, mas que misturam sentimentos a seus discursos que deveriam ser apenas racionais.
Para exemplificar, basta olhar para Bebedouro, onde a maior rede de fast food do mundo e agora, uma das maiores redes hoteleiras do planeta, resolveram construir filiais. Nada disso aconteceu sem prévio e longo estudo sobre as condições sócio-econômicas do município.
São fatores racionais, como população, mão de obra capacitada, mercado, matéria-prima, logística, que são decisivos para que grupos empresariais escolham um país ou uma cidade para investir. Cabe aos governos, federal, estadual e municipal proporcionar condições para que isto aconteça da melhor forma.
Também não é a farra da guerra fiscal, travada na década passada, a melhor forma de atrair investimentos. Tiraram empresas do estado de São Paulo, mas não de forma significativa a roubar-lhe a liderança empresarial, porque a melhor infraestrutura de escoamento está e continuará aqui, em São Paulo.
Nesta próxima semana, começa a Feacoop, maior feira de agronegócio, promovida por cooperativa rural. Assim como foi a Agrishow, servirá de termômetro para antecipar os rumos da economia. A primeira, feira em Ribeirão Preto, ocorreu antes da Copa do Mundo, a segunda, pegará os reflexos do maior evento esportivo do mundo. Mas ao contrário dos políticos, os agricultores pensam sempre no futuro, tempo necessário para amadurecimento das culturas. Não há imediatismo no agronegócio, ao contrário do que frequentemente acontece na política econômica, como se fosse possível deter a crise ao isentar produtos da linha branca ou carros de impostos. Apenas a adiam, até adotarem medidas, como o enxugamento da máquina administrativa e a reforma fiscal. Empresários e agricultores brasileiros nunca precisaram da classe política. Na verdade é o inverso, basta olhar os pedidos de contribuições às campanhas eleitorais. A única coisa que se espera é que eles não atrapalhem a livre iniciativa.
Publicado na edição nº 9727, dos dias 2 e 3 de agosto de 2014.