O Indicador dessa semana aborda o curso técnico de sonorização. Há dez anos, ministrando aulas práticas e teóricas sobre o setor, o professor Eder Hanna diz que o profissional vive um bom momento. “Antigamente, quem quisesse trabalhar nesta área, tinha que ir para fora do país, porque não tínhamos escolas que oferecessem esta qualificação. Muitas destas pessoas iam buscar qualificação na Argentina”, conta o professor.
Na falta de uma formação específica de técnicos em áudio no Brasil, Eder Hanna resolveu montar a Capte, Curso de Áudio Prático e Teórico, em Ribeirão Preto. “Percebi que era um setor muito carente e que necessitava com urgência de qualificação. Como não tinha cursos ou mesmo um curso superior que capacitasse estes tipos de profissionais, muitos deles tinham que aprender tudo na prática e sozinhos, indo por um caminho longo. Às vezes o profissional acaba aprendendo errado, e acredita que aquilo é certo. O curso além de promover uma qualificação de forma mais rápida, encurta este processo”.
O que faz este profissional
Projeta e especifica sistemas de sonorização, estúdios de gravação, rádio e TV, além de equipamentos para processamento de sinais de áudio e música eletrônica; emite relatórios técnicos sobre as características acústicas de ambientes e propõe soluções; gerencia a implantação de equipamentos de áudio em aplicações que envolvam sistemas de sonorização e/ou de gravação; especifica sistemas de monitoração e diagnóstico de falhas em equipamentos; propõe soluções para problemas de incômodo auditivo em diferentes ambientes urbanos.
A profissionalização
O professor Hanna explica que o curso de áudio é composto por módulos, “o primeiro Áudio Básico I tem como objetivo ensinar aos alunos os conceitos simples para que eles possam operar com consciência, os equipamentos, com duração de três meses. Depois avançamos para o segundo módulo, com duração de cinco meses. Após o término deste módulo, o aluno já está apto a trabalhar em casas noturnas, estúdios de som, locadoras de som e os demais segmentos do mercado de áudio”, esclarece Hanna, dizendo que o módulo avançado tem como objetivo aperfeiçoar tecnicamente o aluno, “ele torna-se apto a operar qualquer sistema de som. Depois da conclusão do curso, o aluno recebe uma certificação de qualificação. A partir disso, ele pode pleitear na Delegacia Regional do Trabalho, o registro do DRT”. A lei 6.533 criada em 1978, que regulamenta as profissões de artistas e técnicos em espetáculos e diversões, diz que para profissionais deste setor serem contratados é necessário obter este registro.
Características desejáveis
Ao aluno que pretende especializar-se em técnico de áudio são desejáveis algumas características como ter facilidade em entender e operar equipamentos tecnológicos. “A principal característica é gostar de música. Geralmente estas pessoas ficam curiosas e acabam sentindo interesse em saber como funciona a técnica. Os músicos também acabam tendo afinidade com a técnica e facilidade em operar os equipamentos. Tive alunos que gostavam tanto de música que acabaram se capacitando”.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho é amplo e o profissional encontra boas oportunidades em casas noturnas, operando sistemas de som em emissoras de televisão e rádio e em teatros, “Indicamos para os nossos alunos fazerem estágios em empresas que necessitam desse tipo de mão de obra como é o caso do Sesc Ribeirão, da TV Clube e de algumas casas noturnas. É uma profissão regulamentada, e em Ribeirão está sendo implantado o Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em espetáculos e diversões no Estado de São Paulo) .
Prós e contras
“O positivo de qualquer profissão é trabalhar com o que se gosta, e geralmente quem trabalha neste setor é apaixonado por ele. Já os pontos negativos são os diferentes horários que variam no decorrer da noite. Este profissional também tem que trabalhar muito, muitas vezes carregando caixas, equipamentos pesados”.
Para o professor Hanna, a principal dificuldade que os profissionais têm encontrado é a falta de fiscalização “são poucas as empresas que cumprem a lei . Algumas nem seguem a tabela recomendada para pagamento (de honorários) deste profissional, o que gera descontentamento entre os profissionais. Sem dúvida, esta é a principal dificuldade do setor” .
Faixa de salário – De acordo com o Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em espetáculos e diversões no Estado de São Paulo), a média de salário vai de acordo com o trabalho, por apresentação, é a partir de R$ 265,80; semanalmente, a média é de R$ 930,30; e, mensalmente, a partir de R$ 2.658.
Inscrições
Quem tem interesse em ingressar na profissão, as inscrições do curso começam no inicio de cada semestre.
Conselho
“Em primeiro lugar, o interessado tem que buscar qualificação, procurar um curso que encurte o caminho do aprendizado. Eu, por exemplo, demorei muito para aprender. A segunda dica é ter vontade de estudar e praticar. É importante os alunos/interessados frequentarem congressos do setor É necessário ter um tempo para a prática”.
Publicado na edição n°9408 dos dias 2, 3 e 4 de junho de 2012.