José Renato Nalini
A Ministra Francesa da Cultura, Françoise Nyssen, propõe que a refundação da Europa se faça mediante uso adequado da cultura. O repto presente é “refazer a Europa” ou deixar que ela se desfaça. A responsabilidade desta geração é o resgate dos valores debilitados, bens intangíveis em declínio por uma série de razões.
A Europa foi edificada pela cultura e é pela cultura que ela conseguirá revalorizar-se. Há uma sólida comunidade de espírito, de valores, de vontades, de letras, de idiomas, de memórias que a essa parcela do globo conferem todo o sentido.
São os cidadãos, antes que as instituições, que poderão fazer a Europa ressurgir, na visão da Ministra Nyssen. Para isso, cumpre revitalizar três princípios: a proteção, a liberdade e a solidariedade.
A proteção para favorecer a criação. A Europa da cultura é a soma dos criadores e dos artistas que a fazem viver. É preciso assegurar a proteção do seu modelo de remuneração, proteger o direito do autor, um direito que nasceu na França e que deve ser defendido com vigor. Isso inclui a luta contra a pirataria, que prejudica a genuína criatividade e é danosa para a economia local.
A proteção também visa a tutela do patrimônio cultural e a luta contra o tráfico ilícito de bens culturais. 2018 será o ano do Patrimônio Cultural Europeu. O propósito é focar o valor dos lugares emblemáticos da história comum, que permite valorizar e dinamizar os territórios de interesse e empoderar as populações que os abrigam.
Por fim, a Europa é a liberdade. Para realimentar a Europa da cultura, é urgente facilitar a circulação dos cidadãos, dos artistas, dos profissionais e das obras de um país ao outro, em torno aos lugares culturais. Uma ideia que tem até nome: “O Erasmo da Cultura”. Intercâmbio entre museus e instituições, para facilitar a mobilidade dos conservadores, dos curadores, dos artistas, dos historiadores, dos guias turísticos e demais profissionais que mantêm dinâmica a vida cultural dos múltiplos espaços europeus.
A infância e a juventude precisam ser incentivadas a explorar o exuberante veio cultural do chamado “Velho Mundo”, na renovação que ele experimenta ao adotar o lema “unido na diversidade”. Com acolhimento aos refugiados, aos migrantes, aos portadores de distintas etnias, culturas e origens.
Esse propósito da Ministra Françoise Nyssen é inspirador para o Brasil que também possui cultura da multidiversidade, do cadinho de influências que dele fazem um território livre, onde todos são bem vindos e onde a fraternidade pode deixar de ser utopia, para concretizar-se numa feliz surpresa para os humanos.
Colaboração de: José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo