Saber o que é meu e o que é do próximo, o que posso e o que não posso, o que devo e o que não devo fazer são os mínimos graus de educação e instrução que se espera do cidadão para que haja convivência harmônica numa sociedade civilizada.
Cerca de 500 a.C., Pitágoras já dizia “educai as crianças e não será preciso punir os homens”. Frase tão antiga, porém, tão atual, onde ocorrências policiais cada vez mais revelam a participação de jovens e até crianças nas empreitadas criminosas.
Não é fácil, muito menos prazeroso, ter que punir alguém em tenra idade que foi abocanhado pelo mundo do crime. Alguns dizem que são coisas mundanas ou reflexos da falta de estrutura familiar ou, ainda, da ausência de oferta de educação e oportunidade por parte do poder público.
Em verdade, é o conjunto de tudo, quando a Constituição Federal, em seu artigo 227, traz a importância da infância na sociedade, ao dar prioridade absoluta aos direitos de crianças e adolescentes. O ECA, na mesma linha, prevê que a educação é dever de todos e logo em seu artigo 4º, prevê que “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. Observa-se no texto da lei que a palavra “família” vem em primeiro lugar dentre aqueles que têm o dever de assegurar os direitos das crianças e adolescentes para que eles possam ter convivência familiar e comunitária.
E aí, família?
Sabe-se que muitos fatores interferem na criação e formação de um jovem e, por isso mesmo, mais do que nunca, até em decorrência do número de informações que os jovens têm disponíveis graças ao acesso à internet, torna-se necessária a participação da família, no processo de educação, não deixando só a cargo do estado esta missão. O poder público tem feito sua parte ao menos em Bebedouro/SP, pois dados da Secretaria Municipal de Educação apontam que não há criança fora da escola nos ensinos obrigatórios e, além disso, investimentos em capacitação, equipamentos tecnológicos e metodologia são constantes. Sem falar dos incentivos ao esporte, oportunidades aos jovens através de programas sociais oferecidos pelo município e pelas novas empresas que aqui se instalam.
Mas o que falta, então?
Talvez faltem melhores exemplos para que nossos jovens consigam se inspirar em pessoas de sucesso para seguir seus passos e não achar que o imediatismo é a solução para conquistar seus objetivos. Tudo é um processo de aprendizado e crescimento. Já diziam os mais antigos, “nada cai do céu” e ainda, “educação vem de berço”. Temos que dar exemplos diários, seja o poder público, seja a família ou qualquer cidadão, frente aos adolescentes e crianças para que aprendam percorrer o caminho correto.
E ai, você serve de exemplo a eles?
(Colaboração de Rogério Valverde, advogado, secretário de Segurança Pública do Município de Bebedouro).
Publicado na edição nº 10.750, sexta a terça-feira, 21 a 25 de abril de 2023