Mais do que isso: a escola de seu filho precisa de você. Precisa de sua presença contínua, não apenas quando chamado, quase sempre em virtude de algum problema, porém para uma visitação contínua e demonstração de real interesse pelo lugar em que sua prole passa várias horas por dia.
O convite não é mera cortesia. Há um dever constitucional da família participar do projeto educativo. Menciono os pais, porque a presunção é a de que o aluno tenha esse núcleo de ascendentes mais próximo. Porém, não é possível ignorar que hoje o mundo se defronta com várias configurações do núcleo familiar. Família é um núcleo afetivo responsável pelo equilíbrio emocional da criança. Quem integrar esse núcleo tem obrigação de se inteirar da vida escolar do estudante. Foi o constituinte quem quis e, no Estado de Direito de índole democrática desenhado para o Brasil, o único poder soberano absoluto é exercido pelo constituinte.
A tradição é uma resistência de parte a parte para fazer com que a família participe ativamente da vida da escola. Nem sempre a direção e sua equipe estão disponíveis para conversar com os pais, sempre com suas demandas quase nunca suscetíveis de pronto atendimento. Mas também existe uma resistência dos pais a essa inclusão da escola em sua rotina de vida.
São Paulo desenvolve há quinze anos o projeto “Escola da Família”. Gesto eloquente de chamamento aos pais, para que ao menos nos fins de semana visitem a escola de seu filho e ali permaneçam durante um período razoável. Uma escola tem de ser o centro nervoso do entorno em que está situada. Um bairro nunca será o mesmo depois de sediar uma escola. Centro disseminador do saber. Usina de produção da criatividade. Espaço para que o talento da infância e juventude floresça e frutifique.
Quando os pais se aproximam da escola, o filho se sente mais confortável e sabe que aquilo integra a sua existência. Cresce o interesse pelo aprendizado. Desmistifica-se aquela sensação de que a unidade de ensino é o espaço para o desempenho de atividades pouco atraentes, sem qualquer sedução e interesse. Ao contrário: é na escola que se adquire substância para sobreviver com dignidade. Tempos ditosos, que serão lenitivo para uma recordação amorável, quando a vida trouxer os inevitáveis dissabores a que todos estamos sujeitos neste trajeto frágil e efêmero pelo existir.
Colaboração de: José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo e docente da Uninove