O Brasil já não é mais o país dos jovens. Estes continuam a diminuir. Por inúmeras razões. A taxa de fecundidade tem se mantido abaixo dos níveis antigos. Ainda bem. A Terra não tem condições de abrigar os bilhões de seres que não sabem se servir de seus recursos de maneira sustentável e tornarão inviável a vida no planeta.
Mas também os jovens estão morrendo antes do tempo. 70 mil assassinatos de jovens a cada ano. Mais os milhares de motociclistas que já ultrapassaram o pedestre nos acidentes fatais de trânsito. E os suicidas. Os que morrem por overdose. As doenças ligadas à obesidade, porque, além da educação básica, também não temos expertise em educação alimentar.
Enfim, o velho se cuida e o velho vai viver mais. Dependendo da renda que ele tiver. Porque velho pobre continua a morrer como sempre morreu.
Mas o governo começa a pensar no idoso. Agora acena com a implementação da “hipoteca reversa”, que é uma novidade.
Em que consiste?
Na hipoteca tradicional, o imóvel hipotecado é do banco, até que o mutuário pague todas as prestações. Só aí ele passa ao domínio do proprietário. Na hipoteca reversa, o imóvel é do proprietário, até que ele receba do banco, em parcelas, o valor integral da propriedade.
Segundo se anuncia, há três desfechos possíveis para a hipoteca reversa: 1. O proprietário quita a dívida com o banco e fica com o imóvel liberado; 2. O proprietário vende o imóvel e quita a dívida com o banco; 3. O proprietário morre e o banco vende o imóvel, quita a dívida e, se houver saldo, este é dos herdeiros.
É uma fórmula interessante para aqueles idosos que têm imóvel e não têm renda, nem herdeiros necessários. Passam por necessidades e a sobrinhada, que nunca procurou cuidar do tio ou da tia, herdam o patrimônio de uma vida. Com a hipoteca reversa, o idoso garante qualidade de vida que não teria, porque nem sempre possuir um imóvel – patrimônio econômico – significa boa vida – situação financeira confortável.
Resta ver como é que vai funcionar a “hipoteca reversa”, já que a desejável “logística reversa” ainda não está implementada e faz imensa falta a este Brasil que, além de produzir muito lixo, se tornará o destino de tudo aquilo que o mundo desenvolvido descarta e não quer armazenar em seu solo privilegiado.
(Colaboração de José Renato Nalini, Reitor da Uniregistral, docente da Pós-Graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras – 2019-2020.)
Publicado na edição nº 10457, de 22 a 24 de janeiro de 2020.