Antonio Carlos Álvares da Silva
Continua repercutindo na mídia nacional e mundial a matança acontecida em uma igreja evangélica na cidade de Charleston, sul dos Estados Unidos, dia 17 último. Um jovem de 21 anos, Dylann Storm Roof compareceu na igreja, acompanhou o culto e chegou dialogar com o pastor. Depois de uma hora, sem nenhuma explicação, sacou uma pistola automática e fez uma série de disparos, contra um grupo de fiéis negros presentes (carregou a pistola mais de uma vez). Matou nove pessoas, inclusive uma mulher de mais de 80 anos. Em seguida, montou no seu carro, que deixara estacionado em frente da igreja e voltou para sua casa. Justificou seu nome, Storm Roof (telhado tempestuoso). Foi fácil localizá-lo, ainda mais que, dias antes, deixara uma mensagem na internet, onde aparece, empunhando uma antiga bandeira do Sul dos Estados Unidos, usada na guerra contra a região norte, em revolta contra a libertação dos escravos negros. Nessa mensagem faz apologia da superioridade da raça branca americana, em relação a negros, judeus e hispanoamericanos. A figura do assassino torna o episódio ainda mais chocante. É um típico jovem de cabelos lisos em forma de cuia, comprido até as orelhas, que pode ser visto, em qualquer lugar dos Estados Unidos e de outros países de raça branca. O fato dele ter uma arma automática, capaz de disparar uma infinidade de tiros, não surpreende, porque a venda de armas é livre nos Estados Unidos, para qualquer pessoa. Existe até uma razão histórica para isso. Os Estados Unidos foram colônia da Inglaterra, durante muito tempo. Depois, começaram manifestações de revolta, exigindo a separação. Em resposta, a Inglaterra editou lei, proibindo os americanos de usarem armas. Foi quanto bastou, para os americanos se revoltarem e declararem o nascimento da nação. Desde então, possuir arma, para os americanos, é prova de independência. Minha estranheza foi outra: As armas são caras nos Estados Unidos, como em qualquer parte do mundo. Daí, pensei: o que leva um jovem de apenas 21 anos a gastar seu dinheiro, para a compra de uma arma, já que nessa idade, as prioridades costumam ser outras? Felizmente, minha estranheza, recebeu explicação, aliás, pouco divulgada: Os pais do rapaz presentearam o filho, com essa arma, quando ele completou 21 anos. Não posso deixar de fazer ironia: O pai, com esse presente, ajudou o filho a pegar pena de prisão perpétua, ou mesmo pena de morte!
(Colaboração de Antonio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).