O Brasil está em chamas. As pessoas sentem o desconforto da fumaça, das altas temperaturas, da carência de água. Mas não sabem o que fazer. Nossa geração falhou. Não faltaram avisos dos cientistas. Ninguém quis ouvir. O dinheiro falou mais alto. Em nome de lucro, os que deveriam ter atuado com juízo e cautela continuaram em suas práticas destrutivas.

Não quisemos ouvir a ciência, agora é a natureza quem fala. E continuamos a não entender sua linguagem. Ela se comunica do jeito que pode: seca inclemente, contaminação da atmosfera, do solo e da água, a reclamar gritos de socorro. Chuvas violentas. Tempestades. Furacões.

É o momento de chamar os universitários. Não apenas eles, mas os estudantes do ensino médio. Jovens que já nasceram sob o impacto das tecnologias da Comunicação e Informação e que têm acesso à maior quantidade de material disponível. Talvez eles tenham resposta para os problemas que se tornam mais intensos e parecem insolúveis.

São jovens os capazes de criar aplicativos, formular inovações, confeccionar pequenos instrumentos facilitadores da vida humana, enxergar aquilo que os velhos são incapazes de ver.

Há soluções singelas, que podem estar na mente da mocidade, apta a responder a desafios, desde que provocada. É hora de o empresariado premiar as boas novas, contemplar a inovação com incentivo capaz de suscitar a curiosidade eficiente dos que ainda não foram contaminados pela praga do dinheiro como exclusiva meta de uma espécie que tem algumas décadas, não mais do que isso, para permanecer neste sofrido planeta. O único ainda pronto a acolher a vida, mas que já se cansou do bicho-homem, insensato, insano e suicida. Sim, escolher acabar com a vegetação, com a água, sujar tudo o que era limpo e próprio para um uso saudável, é escolher a morte em lugar da vida.

Chamemos os jovens. Imploremos a eles encontrem alternativas que a velhice teimosa e soberba não está encontrando. É a esperança de que o caos possa vir a ser evitado. Há quem não acredite mais nesta hipótese. Ultrapassamos todos os limites. Agora, é preparar-se para o caos.

Agarremo-nos a esse resquício de confiança na juventude. E sigamos aquilo que eles nos disserem. Seguir os velhos egoístas, consumistas e dendroclastas não deu certo.

(Colaboração de José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo).

Publicado na edição 10.881, de sábado a terça-feira, 19 a 22 de outubro de 2024 – Ano 100