Bons tempos quando a gente saia de casa e para garantir a segurança de nosso patrimônio deixávamos um rádio ligado ou uma luz acesa.
As coisas mudaram e vieram as cercas elétricas, as câmeras, alarmes e demais aparatos, fazendo das residências e empresas verdadeiras fortalezas. Sai o rádio de pilha e entra a tecnologia.
No âmbito da justiça as velhas e boas testemunhas que eram tudo que um juiz tinha para julgar um fato criminoso, agora conta com imagens, perícias, quebras telemáticas que englobam todas as tecnologias da informação e da localização com foco em comunicação, automação e transmissão de dados.
Neste aspecto o universo digital chegou para revolucionar a segurança e garantir mais assertividade na prevenção, investigação e solução dos delitos possibilitando, inclusive, sentenças alicerçadas em provas irrefutáveis.
Mas nem tudo é benefício.
Com todas estas novidades está cada vez mais difícil ter privacidade. Andar pelas ruas sem ser visto por uma câmera de segurança é cada vez mais difícil. Em cada esquina, residência ou empresa tem sempre uma câmera pronta a registrar cada passo. Em Bebedouro dificilmente alguém consegue transitar pela cidade sem ser flagrado pelo Sistema Integrado de Segurança (SIS). Mas enquanto estamos falando de espaços públicos tudo bem, ou menos mal, já que entre a privacidade em locais públicos e a segurança, esta fala mais alto. O problema é quando a gente se depara com situações em que hackers conseguem acessar as câmeras instaladas no interior de nossas residências e assistir tudo o que querem. Isso mesmo, imagine essas câmeras que muitos instalam em seus quintais, salas, e até em outros cômodos da casa, serem invadidas e essas imagens vazarem. Mas isso seria possível? A resposta, por mais estarrecedora que possa ser, é sim. Se estes equipamentos estiverem conectados à internet, estão sujeitos a isto.
Por mais que as empresas tentem garantir segurança de seus equipamentos e serviços, fato é que se algum dispositivo estiver conectado à internet, vulnerável está.
É muito comum nos depararmos com publicações nas redes sociais de alguém dizendo que seu celular foi invadido.
E não é difícil concluir que de fato estamos vulneráveis. Basta observar que para acessar sua conta bancária pelo celular há uma série de etapas de segurança e mesmo assim ainda há casos de invasão.
Imagine então, uma simples câmera instalada no seu quintal ou na sua sala de estar e que tem muito menos filtros de segurança.
Por isso, ao mesmo tempo que a tecnologia nos permite mais segurança, novos delitos estão aparecendo e todo cuidado é pouco.
Para minimizar estes riscos, observe os pontos em que serão instaladas as câmeras em sua residência e procure nunca, jamais, em hipótese alguma, instalar algum dispositivo em locais mais íntimos como sala, quarto e muito menos em banheiros.
Fique ligado, já que conectados todos já estamos.
(Colaboração de Rogério Valverde advogado, secretário municipal de Segurança de Bebedouro).
Publicado na edição 10.786, sábado a terça-feira, 9 a 12 de setembro de 2023