O Brasil é o sexto país com o maior percentual de desempregados. Antes de nós, apenas a Costa Rica, Espanha, Grécia, Colômbia e Turquia. Os países com o menor desemprego são, pela ordem, a República Tcheca, Singapura, Suíça, Japão, Polônia, Alemanha, Hungria e, empatadas, Holanda e Coreia.
Qual a explicação para esse ranking que só nos envergonha? A primeira e mais importante causa é a ausência de uma educação de qualidade. Uma escola que ensina a decorar informações e abdica da missão de fazer pensar, só poderia produzir pessoas despreparadas.
Muitos países em condições análogas à do Brasil – atraso cultural, crescente desigualdade social, patrimonialismo, exagerado crescimento do Estado, potencializando suas mazelas – conseguiram vencer essa batalha. A Índia, com suas castas, possui uma juventude perita em informática, criativa e engenhosa para dar origem a startups exitosas. Trabalha-se vinte e quatro horas, com equipes que se alternam, para responder a questões escolares de Universidades no mundo inteiro, principalmente as americanas.
A Coreia é outro exemplo de juventude antenada e partícipe. Uma economia saudável, não deixa ninguém sem trabalho. Os americanos enfrentam até outro fenômeno: o excesso de cargos vagos e a ausência de interessados. Os salários aumentam, a disposição do governo em receber jovens talentosos de qualquer país, para suprir essa carência é algo que sempre existiu no território de Tio Sam, mas chegou a índices realmente incríveis.
Aqui, o agronegócio precisa de braços. Não para destruir florestas ou fazer mais pastos. Mas o Brasil tem um déficit de bilhões de árvores. O montante de áreas degradadas e à espera de recuperação é imenso. Uma política estatal coerente investiria na formação de mentes afeiçoadas às atividades agrícolas sustentáveis. Agronomia, silvicultura, piscicultura, exploração de uma biodiversidade que está sendo dizimada antes mesmo de ser conhecida pelos brasileiros, são temas carentes de juventude disposta a mudar a face do país. Sem falar no turismo, que salvou vários países de crises econômicas e que aqui não é muito levado a sério.
Somos o sexto, podemos melhorar. No caso, é perder protagonismo. A continuar no ritmo atual, logo estaremos no topo desse ranking indesejável.
(Colaboração de José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-2022.)
Publicado na edição 10.656 – quarta, quinta e sexta-feira – 30 e 31 de março e 1º de abril de 2022.