Terra e Paixão começa uma nova história, ainda escorrega, mas é atrativa e só cresce

Marcos Pitta

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Vilã - Eliane Giardini chega em ‘Terra e Paixão’ para vilanizar ainda mais a trama das nove da Globo. (Manoella Mello/ Globo)

A atual novela das nove da Rede Globo, ‘Terra e Paixão’, criada por Walcyr Carrasco, recebeu um novo reforço na assinatura, pouco antes de chegar ao centésimo capítulo. Trata-se de Thelma Guedes, convidada pelo próprio Carrasco. Agora, a dupla trabalha nos próximos capítulos da trama que fica no ar até janeiro de 2024, totalizando mais de 200 capítulos, sendo uma das novelas mais longas dos últimos tempos.

No entanto, para fisgar a audiência que havia abandonado o sofá, Carrasco precisou usar e abusar de todas as suas ideias para a trama, escrevendo cenas previstas para irem ao ar só no final, já agora. Antes mesmo do capítulo 100, praticamente toda a história prevista pelo roteirista já foi contada e, assim, uma nova trama começa a ser desenhada. Esta é a prova viva de que novela é um gênero realmente louco e trabalhar em uma obra aberta não é tarefa fácil.

O público já pode sentir as diferenças e muitas coisas que deram certo sendo encaminhadas para novos rumos, assim como algumas que deram erradas sendo deixadas de lado. Há um crescimento exponencial da história de Kelvin e Ramiro, interpretados por Diego Martins e Amaury Lorenzo; assim como no romance entre Petra e Hélio, papéis de Débora Ozório e Rafael Vitti. Com isto, os autores deram outro rumo para a personagem viciada em remédios que teria envolvimento mais duradouro com o italiano fake, Luigi, vivido por Rainer Cadete. Para isto acontecer, Vitti entrou na história e já conquistou o coração da herdeira dos La Selva e a química entre os dois está dando certo. Por sua vez, Luigi engrenou de vez nas pilantragens ao lado de Anely (Tatá Werneck), casal que se formou aos poucos e conquistou o público.

No núcleo principal, mais mudanças. Aline (Bárbara Reis) perdeu o protagonismo, todo transferido para Caio (Cauã Reymond). Agora, toda a centralização dos conflitos está com o galã, enquanto a mocinha segue parada na disputa com o vilão Antônio (Tony Ramos), sobre suas terras. Este inclusive, um dos grandes erros. Afinal, Reis tem talento de sobra para ser explorado e os autores podem muito bem criar novos conflitos para a mocinha da história. Carrasco, por sua vez, teve heroínas melhores como a Aninha de ‘Chocolate Com Pimenta’ e Clara de ‘O Outro Lado do Paraíso’. No núcleo das maldades, Irene (Glória Pires) ainda segue singela, mesmo mostrando mais suas garras, mas quem chegou para aquecer a trama foi Agatha, a verdadeira mãe de Caio que todos pensavam estar morta. O papel coube a Eliane Giardini que será, ao que tudo indica, a grande vilã da novela.

Enquanto estas mudanças são aplicadas aos poucos ao longo das semanas, alguns personagens merecem mais destaque e talvez isto venha acontecer, como é o caso de Lucinda, papel de Débora Falabella que botou fim às agressões do marido e agora começa a trilhar um novo caminho. Outros personagens também precisam de mais destaque, como Graça (Ágata Moreira), até agora irrelevante para a história.

Com tantas mudanças, é possível perceber muitas falhas no roteiro, aceleração das histórias, mudanças de rotas e até personagens esquecidos, mas o fato é que Carrasco sabe bem fisgar a curiosidade do público. Por menor que seja o núcleo, há algum mistério que instiga quem assiste e é isso que faz a trama crescer cada vez mais. A audiência já se consolida nos 29 pontos e os picos de 30 aparecem dia sim, dia não.  Questão de tempo até a média semanal fechar acima dos 30 tão desejados e não vistos no horário desde o final de Pantanal.

Publicado na edição 10.785, sábado a sexta-feira, 2 a 8 de setembro de 2023