‘Terra e Paixão’ estreia bem com texto, direção e elenco afinados

Marcos Pitta

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Protagonista - Bárbara Reis brilhou na estreia de ‘Terra e Paixão’, a nova novela das nove da Globo.

A Rede Globo exibiu a primeira semana de ‘Terra e Paixão’, nova novela das nove e, pelo menos neste começo, a história de Walcyr Carrasco parece promissora. A premissa é boa, a protagonista Aline, vivida por Barbara Reis, está perfeitamente casada com o que a narrativa propõe e mostra-se carismática e com todo potencial para cair nas graças dos telespectadores. Nem de longe, Reis está lembrando a vilã Débora, ainda no ar em ‘Todas as Flores’, novela exclusiva de Globoplay.

A atriz consegue mostrar sua versatilidade nos dois papeis e estar no ar, simultaneamente, em dois personagens completamente diferentes ajuda mostrar isto ao público. A composição de Aline, em nada lembra a de Débora. Os universos são diferentes e a atriz consegue navegar pelos dois papéis com maestria, mostrando que sua oportunidade à frente de uma produção deveria ter acontecido há mais tempo.

Para ela, três amores foram destinados na trama de ‘Terra e Paixão’. Caio, de Cauã Reymond, o primeiro encontro. Jonatas, de Paulo Lessa, o primo de seu marido assassinado e o segundo encontro que o telespectador vê, e Daniel, de Johnny Massaro, o terceiro par romântico a ser apresentado ao público. De todos, a química de Aline e Jonatas é a maior, de longe, e tem tudo para Carrasco construir uma boa história de amor, que cresce (da parte dela) aos poucos, já que ele sempre se mostrou apaixonado.

Com isto, o quarteto de protagonistas está afiado, tem história para contar e muita água para rolar embaixo desta ponte. Na mesma direção, os vilões estão sendo defendidos perfeitamente por Glória Pires e Tony Ramos, como Irene e Antônio La Selva, ou seja, vai valer a pena ver muita armação por parte de duas feras da atuação. Outra veterana que chamou atenção nos primeiros capítulos foi Susana Vieira, como Cândida, que sabe todos os segredos dos personagens daquela cidade.

Carrasco entrega ao público exatamente o que ele quer, história boa, recheada de grandes mistérios e segredos e tudo o que ele escreve é minuciosamente colocado em prática pelos atores e pela direção artística de Luís Henrique Rios. Aliás, a escolha da direção foi perspicaz. O texto de Carrasco, bastante negativado pela crítica, e que não me incomoda particularmente, está nas boas mãos de Rios que dá um tom acima em tudo, seja na fotografia, no filtro utilizado, no figurino, nos cenários… Tudo é colocado um tom acima do ‘normal’, deixando o texto ainda mais crível.

‘Terra e Paixão’ estreou com cara de novelão, bem ao nível de Walcyr Carrasco, sem tirar, nem pôr. Do jeito que o autor sabe fazer e adequado à maneira que o telespectador quer. Veremos o desenrolar desta história que precisa de fôlego para sobreviver aos mais de 200 capítulos previstos.

Publicado na edição 10.755, sábado a terça-feira, 13 a 16 de maio de 2023