Último “feriado” da Copa do Mundo

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No campo, a maior competição; fora dos estádios foi gol contra a economia.

No domingo acaba a Copa do Mundo do Brasil, considerada, pelo nível técnico das seleções, a maior de todas. Basta olhar para as redes sociais e perceber que o assunto mais comentado é o futebol. A reação à grave lesão causada pelo jogador Zuñiga em cima do atacante Neymar foi de revolta, ataques ao jogador colombiano e até uma paródia ao postarem que o autor intelectual seria o personagem Laerte, da novela Em Família, da Rede Globo.
Tanto é verdade que o futebol é paixão nacional que durante as partidas, as ruas ficam desertas, zeram as chamadas no Corpo de Bombeiros e na Polícia Militar, retomadas somente após o apito final do árbitro da partida em que está em campo a Seleção Brasileira.
A emoção em campo foi tanta que fez com que a maioria esquecesse, por hora, a lambança administrativa que foi a preparação da Copa. Obras tão mal feitas que na semana passada, em Belo Horizonte, capital mineira, um viaduto desabou.
Devemos comemorar o esporte, mas o tão prometido retorno financeiro ao país com a realização da Copa, ficou restrito às cidades sedes. Nem em Ribeirão Preto, cidade em que ficaram hospedados os franceses, houve aumento nas vendas, simplesmente porque os tão esperados turistas europeus nem deram as caras. Compreensível, porque muitos preferem os destinos tradicionais, que são as cidades litorâneas.
Em Bebedouro, os “feriados” informais criados em dias de jogos da Copa do Mundo pesam nos bolsos de comerciantes e empresários. Menos vendas e menos produção para 2014, ano em que todos os economistas já faziam previsões pessimistas. Para piorar ainda vêm as eleições, que paralisam investimentos e acabam esgotando toda a esperança de faturamento positivo.
Se o Brasil for para a final da Copa, teremos motivos para comemorar em campo. Será a última dose do anestésico social para nossos problemas econômicos. Porque construímos estádios, mas esquecemos de melhorar o pais em que eles estão fincados.
A esperança é que a revolta represada nestes dias de jogo, reflita-se nas urnas. E esperança nós continuamos tendo.
(Colaboração Arpen-SP. Texto de Jéssica Daiana Cremon, Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais de Valinhos).

Leia mais na edição nº 9716, dos dias 8 e 9 julho de 2014.