Vale Tudo retorna em grande estilo, mas com desafios à vista

Marcos Pitta

0
57
A maior vilã das novelas - Debora Bloch dará vida a Odete Roitman que na versão de 1988 foi eternizada por Beatriz Segall. Foto: Globo/ Rudy Huhold

A estreia do remake de Vale Tudo na Globo não é apenas um evento televisivo, mas uma celebração da própria história da emissora, que completa 60 anos revisitando um de seus maiores clássicos. A novela, originalmente escrita por Gilberto Braga, Leonor Bassères e Aguinaldo Silva, chega agora pelas mãos de Manuela Dias, roteirista talentosa que tem a missão de trazer nova vida a uma trama que segue atual e relevante.

As comparações com a versão original são inevitáveis, especialmente porque Vale Tudo está disponível no Globoplay e muitos espectadores maratonaram a novela recentemente, tornando suas memórias frescas e elevando as expectativas. O desafio da nova versão não é apenas manter a essência do original, mas também apresentar inovações que a tornem atraente para o público contemporâneo.

Além da homenagem, Vale Tudo carrega outra grande responsabilidade: recuperar a audiência do horário nobre, impactada pela recepção abaixo do esperado de Mania de Você, que chegou ao fim na sexta (28). A novela precisa conquistar tanto o público fiel da teledramaturgia quanto atrair novos espectadores que buscam um enredo envolvente e repleto de personagens marcantes.

Até o momento, o elenco escolhido parece promissor. No entanto, duas escalações geram certa apreensão: Maria de Fátima e Odete Roitman, as grandes vilãs da história. Bella Campos, intérprete da ambiciosa Maria de Fátima, ainda precisa provar que tem a intensidade necessária para um papel de tamanha complexidade e que foi imortalizado por Glória Pires na versão de 1988. Seu desempenho discreto em ‘Vai na Fé’ (sua última novela) não convenceu totalmente o público, e a expectativa é que consiga demonstrar evolução nesta nova empreitada. Já Débora Bloch, atriz de longa trajetória e performances memoráveis, assume o desafio de dar vida à icônica Odete Roitman. Pelas chamadas divulgadas, Bloch aparenta estar pouco à vontade no papel, seja por uma possível timidez na construção da personagem ou por uma direção que pode não estar extraindo seu potencial máximo.

A direção de Paulo Silvestrini é outro ponto de atenção. Embora tenha feito excelente trabalho em Vai na Fé, Vale Tudo é uma produção de grande envergadura que poderia estar nas mãos de diretor mais experiente no horário nobre. A condução da narrativa, a modernização dos diálogos e a intensidade dramática serão fatores cruciais para o sucesso do remake.

Ainda assim, há esperança de que a nova versão faça jus ao legado da original. Débora Bloch tem talento de sobra para encontrar seu tom como Odete Roitman, e Bella Campos precisará se superar para conquistar o público. A torcida é para que Vale Tudo consiga entregar um grande novelão às nove da noite. A estreia acontece na segunda-feira (31), e os olhos estarão voltados para essa releitura de um clássico imortal.

Publicado na edição 10.912, de sábado a terça-feira, 29 de março a 1º de abril de 2025 – Ano 100