O vai em vem a Brasília e a São Paulo atrás de verbas precisaria acabar.
Quem ler atentamente a entrevista do prefeito de Monte Azul, Paulo David (PSDB) vai perceber muita semelhança com a fala de outros prefeitos de muitos cantos do Brasil. São raros os administradores públicos que estão à frente de prefeituras com dinheiro em caixa, suficiente para fazer investimentos.
Toda semana, Paulo David pega a estrada, enfrenta 400 km de distância para visitar secretarias estaduais, Palácio dos Bandeirantes e Assembleia Legislativa. Rotina igual do prefeito de Bebedouro, Fernando Galvão (DEM), do prefeito de Barretos Guilherme Avila (PSDB).
Todos herdaram máquinas administrativas inchadas e com cofres vazios. Sem contar com a boa vontade do governo estadual e até dos ministérios federais, ficar parado na cidade, sentado na cadeira de prefeito é perda de tempo.
É mais do que certo que o ano que vem, as viagens até diminuam, porque o fluxo de autoridades será para o interior do estado. Em ano de eleição, candidatos a deputado, senador, governador e até presidente, vão gastar sola de sapato.
Os bons prefeitos exercerão a fidelidade partidária, para declarar apoio aos candidatos ligados ao seu campo politico. Mas como a urna às vezes traz surpresas, não vão ser mal educados na recepção dos demais candidatos.
Esta eterna dança política, com intermináveis viagens só vai acabar quando a população começar a votar em candidatos comprometidos em mudar de vez a distribuição das receitas tributárias.
Há décadas, as associações de prefeituras brigam em Brasília para que o processo de municipalização seja completado. Passaram os serviços de Educação e Saúde para as cidades, mas sem transferir recursos.
Mas isto ainda é sonho porque, a transferência de verbas para os municípios também significa repassar poder político. E não há muito interesse nem em São Paulo e nem em Brasília, em dividir com os prefeitos, a possibilidade de mudar os destinos do Brasil.
Publicado na edição nº 9551 dos dias 25, 26 e 27 de maio de 2013.