
Mais um ano desafiador vai chegando ao fim e, nos seus atos finais, aproxima-se o período das confraternizações com colegas de trabalho e amigos, das reuniões familiares com muita comida e barulho, das reflexões sobre o ano que se encerra, das esperanças para o ano que se inicia e das saudades das pessoas queridas que não mais estão por aqui.
Mais do que um período de festas, comemorações, descanso e planejamento, a época de festas de fim de ano representa um momento de desaceleração da dura rotina de trabalho, compromissos, horários e preocupações que tomam conta das agendas ao longo do ano. Mais do que simples desaceleração, as festas de final de ano nos dão uma oportunidade única de reforçar os laços com as pessoas que amamos, gostamos e que as quais gostaríamos de estar mais frequentemente ao lado.
Neste pensamento, o período de final de ano é, na realidade, uma volta às nossas origens. Conectamo-nos novamente e com grande intensidade ao que realmente importe e àqueles que nos criaram, viram crescer, ensinaram os valores e que, nas alegrias e nas tristezas da vida, estiverem ao nosso lado. São familiares e amigos que compõem a nossa história, personagens importantes da novela que é nossa existência.
Claro, há exceções. Algumas pessoas simplesmente passam o período de final de ano com as mesmas pessoas e nos mesmos lugares aos quais estão acostumados e que convivem e frequentam ao longo do resto do ano. O que muda, contudo, é o sentimento: inegavelmente há mais amor, cumplicidade, carinho e alegria neste período final do calendário – pode haver também ressentimento, a depender do contexto e da situação, mas certamente é a exceção, não a regra. Vai passar!
Esta volta às origens é fundamental para manutenção de nossa sanidade e equilíbrio, ainda mais após os tempos sombrios e de isolamento da pandemia – que, frise-se, ainda não acabou, mas que graças à vacinação em massa nos permite estar novamente neste retorno ao essencial de forma presencial. Precisamos desacelerar, repensar, rever, refletir, rir, caso contrário a dureza da realidade nos sufoca.
Independentemente da religião, da crença (ou falta dela), dos valores pessoais e do estado de espírito, o final de ano representa este período único em que podemos pensar, confraternizar e celebrar na esperança de um novo amanhã.
Por isso, neste final de ano, permitam-se sorrir. Permitam-se achar graça das piadas já célebres e antigas do tio, totalmente manjadas. Permitam-se ouvir pela décima vez aquela história cumprida e cheia de detalhes do avô – que, cada vez que é contada, vem com um novo detalhe. Permitam-se sentir prazer em simplesmente estar junto aos seus. Este é o espírito de final de ano, tão surrado em tempos de consumismo e polarização forçada da sociedade.
Esta é a verdadeira volta às origens, tão necessária para que nos lembremos sempre dos nossos valores, das nossas crenças, dos nossos objetivos, das nossas esperanças e, principalmente, das pessoas queridas que compõem o nosso porto seguro. Boas festas a todos e até 2022!
(Colaboração de José Mário Neves David, advogado e administrador de empresas. Contato: [email protected]).
Publicado na edição 10.634, de 23 de dezembro de 2021 a 11 de janeiro de 2022.