Eduardo Iha
De repente, para tristeza de parentes, amigos e admiradores, eles partiram para outro plano, onde já reforçam o time do Senhor, o grande arquiteto do universo.
E Deus deliberou que o seu elenco, de primeira categoria, tem de ser composto por gente de fibra, determinada a enfrentar desafios e a superar obstáculos. Dessa seleção, só podem participar quem é negro – na cor da pele e na alma.
O que se constata é que Deus foi deveras exigente ao reforçar a sua equipe! Tanto que escolheu o ‘melhor do melhor’ e, ainda, desfalcou a sociedade de Bebedouro, com reflexos no povo negro da região, considerando que foram, para o andar de cima, vários amigos que irradiavam simpatia e solidariedade que extrapolavam os limites do município.
Em 28 de março, com sepultamento no dia 29, despediu-se da Terra, o querido Luís Antônio Rodrigues, o Luisão, ex-goleiro da Internacional de Bebedouro na década de 1970, executivo de empresa de material de construção, diretor da antiga Associação dos Empregados no Comércio de Bebedouro.
Segunda-feira (6/4), mais uma baixa considerável, com a morte do policial militar aposentado Cláudio Tomé, de tradicional família, viúvo de professora e irmão de muitas representantes da Educação, homem íntegro e cumpridor de suas obrigações, com uma legião de amigos, orgulho dos parentes e dos que o conheciam e desfrutavam de sua amizade.
Também nesta semana, a Esquina do Pecado perdeu uma das figuras mais conhecidas daquele espaço e que, certamente, vai deixar saudade pelo seu jeito popularesco e sua maneira de pedir ajuda ao próximo. A referência é para o querido Mauro, popularmente conhecido como ‘Real’, que vivia a pedir ‘um real’ para bebericar o seu cafezinho num dos dois estabelecimentos ali existentes.
Quinta-feira (9/4), em meio a muita consternação e com grande acompanhamento, foi sepultado o corpo da querida e inesquecível professora Osória José Lopes Andrade, recentemente aposentada e que sempre liderou movimentos em favor da raça negra em Bebedouro e das ações cujo objetivo era valorizar o magistério e a educação de modo geral. A cultura negra teve, na atuação da professora Osória, uma grande e incansável defensora, que não perdia as oportunidades de divulgar o que o seu povo representava para a sociedade.
Luisão, o popular ‘Real’, Cláudio Tomé e Osória: quatro negros, cada um à sua maneira, que ficam para sempre na memória dos que os conheceram e que eternamente vão se lembrar deles pelo trabalho de cada um em favor da ‘raça’ e do reconhecimento por parte da sociedade.
Eles, a esta hora, lá estão, nas alturas, reforçando o time de Zé Oscar, José Pereira e Mau-Mau, negros que se foram há mais tempo e que, também, muito representaram com suas ações em favor da valorização de sua gente e como membros ativos do enriquecimento cultural de modo geral.
Todos lá estão, na companhia do saudoso jornalista José Caldeira Cardoso, o ‘seu Juca da Gazeta de Bebedouro’, fundador da Sociedade Recreativa “José do Patrocínio”, o clube que representa a raça negra na cidade e região.
(Colaboração de Eduardo Iha, jornalista)