Membros presos de organização criminosa tramam a morte do governador.
A revelação de parte do teor da investigação do Ministério Público sobre a organização criminosa, com sede no estado de São Paulo, deixa qualquer pessoa estarrecida. Por trás das grades, membros da facção, com uso de celulares, decidem sobre a movimentação financeira do tráfico de drogas, a disciplina dos criminosos, planejamento de roubos e chegaram ao absurdo de tramar o assassinato do governador Geraldo Alckmin (PSDB), porque ele teria endurecido no combate às ações da organização.
É lógico, em termos de ganhos políticos, ser escolhido inimigo número 1 do crime organizado, a um ano das eleições é praticamente diploma de boa gestão no setor. Não que ele tenha detido a onda de crimes, mas, pelo menos, está tentando fazer sua parte.
Como cidadãos comuns precisamos refletir sobre o absurdo da situação. Não basta colocar o chefe da organização atrás das grades. De lá, ele tem meios para continuar exercendo sua criminosa liderança.
Talvez esteja aí, a falha da estratégia do combate ao crime, adotada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. Há anos está em andamento, projeto de bloqueio do uso de celulares nos presídios. Inexplicavelmente, a proposta não sai do papel.
Deve-se reconhecer os entraves jurídicos para a medida e elogiar-sea competente assessoria jurídica da organização criminosa que quase conseguiu indicar um assessor no Supremo Tribunal Federal.
Porém, nada disto dará certo se o Governo de SP não moralizar a Secretaria de Assuntos Penitenciários. Impossível que celulares entrem nas celas e fone-conferências aconteçam entre bandidos presos e em liberdade, sem a conivência de funcionários. Senão, nada impedirá que estes supostos servidores públicos, desliguem quando quiserem, os bloqueadores de sinal de celular. Enfim, Alckmin precisa punir exemplarmente o funcionário que colaborar com o crime. Do contrário, ele pode começar usar colete à prova de bala.
Publicado na edição nº 9610, dos dias 15 e 16 de outubro de 2013.