As primeiras casas de crédito de Bebedouro surgiram no início do século passado, devido ao progresso econômico gerado pela cafeicultura. Eram apenas correspondentes de bancos da capital e que atendiam a clientela em seus estabelecimentos comerciais, como lojas, padarias e outros.
Na edição de 20 de novembro de 1910, do Jornal de Bebedouro, por exemplo, foi veiculado um anúncio dos agentes locais do “Banco de Crédito Hypothecário e Agrícola do Estado de São Paulo”, Custódio Teixeira Pinto e Bartholomeu Prado, oferecendo “propostas para empréstimos hypothecários a prazo não excedentes a 15 anos, à rua dos Andradas n. 11 ou Praça Valêncio de Barros (rua 15 de Novembro) n. 12)”.
Em 2 de dezembro de 1911 foi fundada uma sociedade bancária formada por vários acionistas locais, principalmente fazendeiros e comerciantes. Era o “Banco de Custeio Rural de Bebedouro”, que surgiu após uma assembleia realizada no Paço Municipal, sob a presidência do juiz de direito, Dr. Octaviano de Anhaia Mello.
A primeira diretoria do Banco de Custeio Rural era formada pelos diretores Cel. João Manoel, Cel. Conrado Caldeira e Dr. Nicanor de Toledo Mello; os fiscais Cel. Eduardo da Silva Pereira, Capitão Abílio Alves Marques e Flávio da Costa Eduardo; e os suplentes Dr. Gustavo Queiroz Meyer, Raul Furquim e Vicente Paschoal. O estabelecimento localizava-se na Praça da Matriz e teve curta duração, pois em 1914 foi requerida sua falência por um de seus credores.
Dois anos depois, em novembro de 1916, seria fundada a primeira agência de uma instituição maior, a filial do “Banco Comercial do Estado de São Paulo” que possuía sua matriz na capital do estado e mais cinco filiais, em Santos, Bebedouro, Botucatu, Piracicaba e São Manuel.
No entanto, foi na década seguinte que ocorreu a construção de diversas obras suntuosas, com arquitetura arrojada, destinadas para serem agências bancárias, todas localizadas na região central, principalmente no entorno da praça da Matriz.
Desta forma, em julho de 1922, ocorreu a inauguração do primeiro desses edifícios imponentes. Tratava-se da filial do “Banco do Comércio e Indústria de São Paulo S. A.”, localizada na praça Monsenhor Aristides da Silveira Leite, esquina com a rua Prudente de Moraes, onde permaneceu até meados da década de 1980, quando ocorreu a liquidação extrajudicial da instituição. Nos anos seguintes e até recentemente continuou sediando instituições financeiras.
Em dezembro do mesmo ano, a imprensa informava a inauguração do “majestoso prédio” do “Banco Francês e Italiano para a América do Sul”. Efetivamente o Banco havia fundado uma agência provisória em abril daquele ano, enquanto a sede própria estava em obras. A localização da nova agência era na Praça Barão do Rio Branco, esquina com a rua Prudente de Moraes, onde posteriormente seria instalada a primeira filial local da rede de farmácias Drogasil S.A., que se encontra naquele endereço até os dias atuais.
A terceira construção monumental foi a filial do “Banco do Brasil S. A.”, que se instalou na praça Barão do Rio Branco, esquina com a rua Francisco Inácio, sendo inaugurada em julho de 1923, depois de ter funcionado por vários meses em imóvel localizado no início da rua Prudente de Moraes.
Assim como nas demais filiais, seguia o modelo arquitetônico neoclássico e como nos outros edifícios bancários construídos naquele período, a agência funcionava no térreo, enquanto o piso superior era destinado para a residência do gerente. O Banco do Brasil funcionou neste prédio até 1971, quando ocorreu a transferência para novo endereço, na Praça Monsenhor Aristides da Silveira Leite, onde ainda permanece.
A última construção grandiosa da década de 1920, destinada à agência bancária, foi inaugurada em 1926, sendo o novo endereço do “Banco Comercial do Estado de São Paulo”, que há dez anos possuía uma filial em Bebedouro. Localizava-se na rua Prudente de Moraes, esquina com a rua Cel. João Manoel, onde permaneceu até o início da década de 1970, quando o Banco foi extinto. Posteriormente foi o endereço de outras instituições financeiras e comerciais.
Esta breve descrição sobre a instalação das primeiras agências bancárias em Bebedouro revela a vinculação destas com a própria trajetória do município, evidenciando a importância histórica destas construções que podem ser consideradas verdadeiros patrimônios e que, portanto, merecem ser preservadas.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense)
Publicado na edição 10.720, de sábado a terça-feira, 10 a 13 de dezembro de 2022.