Desde a morte de Ayrton Senna em 1994, a Fórmula 1 perdeu um pouco a sua graça, acredito que para grande parte dos brasileiros. Rubens Barrichelo e Felipe Massa não conseguiram emplacar, e o país ficou órfão de um piloto que proporcionasse alegria aos domingos, como Ayrton o fazia, nas emocionantes e perigosas corridas de automobilismo. Durante muito tempo, o monopólio de algumas equipes tirou ainda mais a emoção das corridas, e somente nos últimos 5 anos que as escuderias começaram a se equiparar, após longo predomínio da Ferrari e depois da Red Bull Racing (RBR).
Contudo, no último domingo (14), a primeira corrida de Fórmula 1 da temporada, na Austrália, trouxe um pouco de esperança para os brasileiros que gostam do esporte, e que ainda acreditam no surgimento de uma nova revelação nacional na categoria. O jovem Felipe Nasr, nascido no dia 21 de agosto de 1992 em Brasília, correndo pela Sauber, conseguiu a proeza de ser o melhor estreante brasileiro na história do esporte no país. Largando na 11ª colocação, fez uma corrida beirando a perfeição, e conseguiu terminar o grande prêmio na 5ª posição, atrás de Felipe Massa.
Assim como quase todos os pilotos, Nasr iniciou sua carreira no kart aos sete anos na equipe Dibo Racing, onde conquistou todos seus títulos no kart. Venceu o campeonato brasiliense cinco vezes consecutivas entre 2000 e 2004. No ano de 2008 Nasr fez alguns testes com monopostos visando mudar de categoria. Testou carros de Fórmula 3 e Fórmula Renault e, satisfeito com os resultados, planejava fazer uma temporada completa na Fórmula 3 Sul-americana em 2009. Porém, o piloto recebeu um convite da Fórmula BMW das Américas para disputar a rodada final do campeonato em Interlagos. Em 2010 assinou com a equipe Raikkonen Robertson Racing para correr na Fórmula 3 Inglesa, e seu primeiro pódio aconteceu na sexta corrida, realizada no tradicional circuito de Silverstone.
Em 2012, patrocinado pelo Banco do Brasil e pela OGX, Felipe disputou a temporada da GP2 Series, e seu melhor resultado foi um segundo lugar na primeira corrida da etapa belga.
Para a temporada de GP2 em 2013, Nasr mudou-se para equipe Carlin Motorsport, e esperava estar dirigindo um carro de F1 no final do ano, quando terminou em quarto lugar na classificação geral. Em 2014 Felipe disputou novamente a temporada da GP2 pela Carlin Motorsport, obtendo quatro vitórias e dez pódios, além de ter concorrido ao título até a etapa da Rússia, onde seu principal rival, Jolyon Palmer, sagrou-se campeão por antecipação. Terminou o campeonato em terceiro lugar.
Também em 2014 foi contratado como piloto de testes da equipe Williams, e sua estreia em treinos oficiais foi no GP do Bahrein. Em novembro de 2014 foi anunciado como piloto titular da equipe Sauber para a temporada de 2015, tendo como companheiro de equipe o sueco Marcus Ericsson.
Vamos torcer para que Nasr mantenha sua ousadia, pois com isso as chances do Brasil comemorar novamente um título de Fórmula 1 são grandes.
Publicado na edição nº 9818, dos dias 17 e 18 de de março 2015.