Na década de 1930, diante da Igreja Matriz de São João Batista e tendo ao centro o pároco Monsenhor Aristides da Silveira Leite, membros das associações católicas “Pia União das Filhas de Maria” e “Congregação Mariana de Moços”.

No contexto histórico das primeiras décadas do século passado, quando a sociedade brasileira era majoritariamente católica, surgiram diversas associações de leigos que procuravam contribuir com a ação evangelizadora e na promoção de obras de caridade.

A primeira associação fundada em Bebedouro foi o Apostolado da Oração, criado pelo padre Francisco Garaud em 22 de outubro de 1909. Sucedido pelo Monsenhor Aristides da Silveira Leite em 1926, este foi responsável pela formação de novas associações como a Liga Católica Jesus, Maria e José (1927); Associação dos Santos Anjos (1927); Associação de São Luiz Gonzaga (1928); Conferência de São Vicente de Paulo (1928) e Corte de São José (1932).

Além destas, duas outras associações criadas no mesmo período tiveram expressiva atuação junto à comunidade bebedourense, as quais são apresentadas a seguir:

“Pia União das Filhas de Maria”

Associação de moças católicas criada no século XII, atingiu maior desenvolvimento a partir da segunda metade do século XIX. No contexto da tradição católica da época, sua principal função era auxiliar as jovens no fiel cumprimento dos deveres cristãos e perseverança na pureza.

As moças iniciavam como aspirante a partir dos 16 anos, quando usavam vestidos e véus brancos e no pescoço usavam uma fita verde com a medalha de Nossa Senhora das Graças. Após a confirmação de sua participação na associação, recebiam um diploma, se tornando membros efetivos e passavam a usar a fita azul, tendo Nossa Senhora das Graças como padroeira, a quem prometiam ser fiel.

Em Bebedouro, a “Filhas de Maria” foi fundada em 1º de janeiro de 1916, sob a coordenação do Padre Francisco Garaud. Tinham participação bastante ativa em todas as atividades promovidas pela Paróquia, principalmente durante o mês de maio, dedicado à Maria. Realizavam a coroação de Nossa Senhora, rezavam o ofício após as missas e rezas noturnas, participavam de encontros da associação, de retiros espirituais e novenas preparatórias.

Nas diversas festas promovidas ao longo do ano, principalmente a do padroeiro da cidade, São João Batista, colaboravam na organização da festa e na arrecadação de prendas, além de comandar barracas com quitutes ou brincadeiras que geravam renda para os projetos da Igreja.

Na foto que acompanha este artigo, grupo de moças da “Pia União das Filhas de Maria” da Paróquia de São João Batista de Bebedouro, na década de 1930, acompanhadas pelo Monsenhor Aristides da Silveira Leite, que deu grande impulso a esta associação durante o período em que esteve à frente desta Paróquia, entre 1926 e 1946.

“Congregação Mariana de Moços”

Associação de leigos cristãos católicos criada na Europa no século XVI, chegou ao Brasil ainda no período colonial, mas foi entre o final do século XIX e início do século XX que teve maior crescimento, sendo organizada em paróquias de cidades de todas as regiões.

Com a vida consagrada à Maria, os congregados passaram a ser reconhecidos pela fita azul utilizada no pescoço durante as reuniões ou celebrações, tendo na extremidade uma medalha prateada com a imagem de Jesus Cristo de um lado, de outro a da Virgem Maria.

Em Bebedouro foi fundada por Monsenhor Aristides em 7 de outubro de 1934, conforme noticiado pela Gazeta de Bebedouro: “Hoje, com grande solennidade, realizar-se-á nesta cidade a installação da Congregação Mariana. Para esse fim, de véspera, veio de Araraquara uma caravana composta de trinta moços (…). Durante o dia, haverá várias solennidades religiosas, e à noite, no Theatro Rio Branco, realizar-se-á um bem ensaiado festival artístico-litterário-dramático-musical, pelo conjunto araraquarense, que oferece o seu produto a obras de beneficência desta cidade. Por essa occasião, fará uma bella conferencia o sr. Dr. Marques Porto Junior, promotor público desta comarca. Acompanha a caravana um optimo conjuncto musical composto de musicistas de Santos e Campinas.”

Na segunda foto que acompanha este artigo, em frente à Igreja Matriz de São João Batista e tendo ao centro o Monsenhor Aristides da Silveira Leite, registro dos membros da Congregação Mariana de Bebedouro em 1935.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.865, de sábado a terça-feira, 17 a 20 de agosto de 2024 – Ano 100