Concha acústica finalizada e obelisco em construção. O conjunto arquitetônico, que incluiu a escultura de uma laranja, foi inaugurado em 29 de setembro de 1963. (Foto: Acervo do autor)

No início dos anos de 1960 teve início um processo de completa remodelação da Praça Barão do Rio Branco, que incluiu a demolição do antigo coreto em novembro de 1960; a construção da “Fonte Sonoro Luminosa Gazeta de Bebedouro”, inaugurada em dezembro de 1961; a instalação de novo sistema de iluminação, finalizada em dezembro de 1962;  e a colocação de novo calçamento, em pedra portuguesa, no mesmo período.

Para completar o conjunto, em setembro de 1962 tiveram início os preparativos para a construção da Concha Acústica, planejada para ser um novo palco para apresentações e eventos dos mais variados tipos, que anteriormente aconteciam no coreto.

Desta forma, esteve na cidade para conhecer e estudar o local da construção, o engenheiro arquiteto Ricardo Rodrigues de Moraes, da cidade de São Paulo, incumbido de elaborar o projeto da Concha Acústica. Três meses depois, na entrega do projeto, o engenheiro supervisionou as demarcações e o estaqueamento para que os trabalhos de escavação fossem iniciados.

Os cálculos necessários para a construção foram feitos gentilmente pelo engenheiro bebedourense Miguel Carlos Stamato, técnico em cálculos de concreto e então residente na cidade de São Carlos.

O custo das obras da Concha Acústica foi de aproximadamente 2,5 milhões de cruzeiros, sendo totalmente pagas com recursos do município, ao contrário da Fonte Luminosa, que resultou de uma intensa campanha liderada pelo jornalista José Caldeira Cardoso, diretor da Gazeta de Bebedouro. Exceção apenas à escultura da laranja inserida no conjunto graças à cortesia do cidadão Manoel Portela Peres.

Desta forma, após dez meses do início das obras, a inauguração foi marcada para 29 de setembro de 1963. O conjunto arquitetônico incluiu três elementos: a Concha Acústica, voltada para a realização de espetáculos musicais, artísticos e culturais; a Escultura da Laranja, ressaltando a importância da citricultura para a economia local; e o Obelisco, no qual foi inserida uma placa em homenagem aos voluntários bebedourenses que participaram da Revolução Constitucionalista de 1932.

Para a festa inaugural foi organizada a seguinte programação: 1ª Parte – 5h – Alvorada; 8h – Hasteamento da Bandeira Nacional; 8h15 – Missa Campal e Benção; 9h – Homenagem ao Soldado Constitucionalista. 2ª Parte – 20h – Apresentação dos alunos do Conservatório Musical Heitor Vila Lobos, sob a direção do maestro Paulo Rezende, e na sequência, apresentação de Jasson de Tupã e sua Orquestra.

Na data prevista, grande público participou das solenidades de inauguração, e após a celebração da missa campal pelo Frei Querubim Rega, teve início a homenagem aos combatentes de 1932.

Inicialmente, o prefeito Hércules Pereira Hortal descerrou a placa comemorativa, sob os acordes da “Marcha do Soldado”, executada pela Banda do 13º Batalhão da Polícia Militar, de Araraquara. Na placa, foi inserida a seguinte inscrição: “Aos heróis da epopeia de 32, que defenderam o ideal constitucionalista, as homenagens de Bebedouro”.

Na sequência, os atiradores do Tiro de Guerra de Bebedouro executaram uma salva de tiros e o vice-prefeito Rogério Alves de Toledo depositou uma coroa de flores junto ao obelisco.

Diante dos ex-combatentes bebedourenses presentes, o agricultor e ex-vereador Luiz Martins de Araújo, que na condição de capitão, comandou um batalhão de soldados durante o conflito, fez uso da palavra, enaltecendo a iniciativa e homenageando-os com a citação de versos do poeta Guilherme de Almeida.

Finalizando a primeira parte da programação, ocorreu a apresentação da Orquestra Mário Veneri, da cidade de Monte Alto.

A segunda parte da programação foi prestigiada pelo público que lotou as duas praças centrais e acompanhou as apresentações dos alunos do Conservatório, da Banda do Batalhão de Araraquara e da Orquestra de Tupã. Após vários discursos, a solenidade foi finalizada com uma queima de fogos de artificio.

Ressalta-se que o engenheiro Ricardo Rodrigues de Moraes foi também o responsável pelo projeto da Concha Acústica na praça Dr. Gama, no centro da cidade de Birigui, inaugurada no ano de 1961, quando aquela cidade comemorou o cinquentenário. O conjunto arquitetônico, bastante parecido com o de Bebedouro, incluiu além da concha, um obelisco e uma pérola, em referência ao cognome “Cidade Pérola”, como Birigui ficou conhecida desde a década de 1930.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br)

Publicado na edição 10.772, sábado a terça-feira, 15 a 18 de julho de 2023 – Ano 99