Viver é uma aventura que pode ser perigosa. As dificuldades, os problemas e as dores costumam ser mais comuns do que as alegrias. Na verdade, o humano é atormentado por uma verdade da qual não pode escapar. Tem algumas décadas para permanecer neste planeta. Nada mais do que isso. Alguns têm uma experiência curta. A viagem é rápida. Partem precocemente. Outros duram mais. Todavia, a carga de aflições pode variar, mas não poupa ninguém.
A literatura é pródiga em fábulas bem instigantes. Mostra o desassossego de quem gostaria de estar no lugar de outrem, mas também a situação deste outrem, que talvez trocasse de situação com aquele. As aparências enganam. Ninguém consegue ser feliz completamente. A felicidade é uma coletânea de instantes fugazes. Poucos sabem usufruir desses átimos que desaparecem e não deixam sinal, senão na memória.
Poucos os humanos que sabem administrar a sua carga de atribulações. Todos conhecemos aqueles que despejam fel à mera aproximação de quem tenha a coragem de indagar: “Tudo bem?”. Vivem de mal com a vida. Nada lhes é favorável. Ninguém merece confiança. Desconfiam do mundo. E a responsabilidade pelas vicissitudes nunca é dele mesmo. É uma criatura infeliz, sobre a qual recai todo o peso existencial terreno.
Pensando nessas pessoas capazes de propagar o desconforto onde quer que estejam, é que se produzem tantas obras consideradas de “auto-ajuda”. Para auxiliar quem não sabe controlar seu humor, um egoísmo tão exacerbado que torna a pessoa incapaz de enxergar o que se passa à sua volta.
Existe um método que não precisa estar em livros, nem depende de terapia profissional, para quem não necessite mesmo de um psicanalista. É a vontade de combater esse inimigo que podemos alimentar e que mora dentro de nós: o inconformismo, a irresignação, o mau-humor, o excessivo apego a si mesmo. O remédio se chama sorriso. Quem aprende a sorrir se desarma. Desanuvia-se. Carranca, careta, cara-feia, nada disso melhora o ambiente. Já um sorriso conquista simpatia. Aprender a sorrir é algo gratuito e milagroso. Por sinal, já consagrado em linda música chamada “Smile”. Procure ouvi-la antes de começar a se servir desse instrumento para tornar a vida mais bonita.
Siga sua intuição
Quando o novo quer tomar o lugar do velho e este não quer ceder, a situação caracteriza uma crise. Quando isso perdura, já não é crise. É sintoma de algo mais grave.
O que acontece com a educação brasileira é algo assim. O modelo convencional, superado há mais de um século, insiste em fazer criança e jovem decorar. Só existe a memória. Sepulta-se a imaginação, a fantasia, a criatividade, a vontade de fazer algo diferente.
Os tempos estão mostrando que a mentalidade arcaica perde espaço. Carreiras tradicionais se extinguem. O mundo precisa de outras coisas. Uma delas: permitir que as competências socioemocionais inspirem e passem a reger o futuro da juventude.
Algo que se mostra propício a acolher o sonho é o setor audiovisual. Fazer documentários, curta-metragens, elaborar aplicativos, investir em games, pensar em filmes robustos, tudo isso é sedutor. Em São Paulo, a SP-Cine foi um setor vitorioso. Foi o que mais recuperou espaço após a pandemia. Criou quatro vezes mais empregos do que a média nacional.
Crianças e jovens paulistas desta geração que já nasce com chip são hábeis produtores de obras-primas que logo estarão a disputar mercado internacional. Os professores que também não se conformam com o padrão arqueológico da escola tradicional devem estimular seus alunos a que procurem se informar sobre as possibilidades da SP-Cine. Ela desenvolve atividades de formação nos cineclubes, promovem encontros nas vinte salas do Circuito SP-Cine, que logo mais serão trinta.
O Brasil pode oferecer à sua juventude condições de subsistência digna e rentável, mediante investimento naquilo que é próprio a uma geração apaixonada pelo mundo web, pelo visual qualificado que a Inteligência Artificial oferece, pelas novas dimensões, pela internet das coisas, por todas essas novidades que já mudaram a sociedade e a impactarão muito mais ainda.
Procure ver algo como os projetos “Bob Cuspe”, do genial Angeli, a adaptação do clássico livro de Ruth Rocha, “Marcelo, Marmelo, Martelo”, assista o documentário sobre os Racionais e veja se o seu caminho também não está na senda promissora aberta para os moços pela SP-Cine.
Chega de pensar em coisas superadas, que daqui a pouco não mais existirão. Seja você o artífice do seu futuro, mais atraente, mais alegre, mais feliz. Siga sua intuição e os frutos provarão que você estava certo ao estranhar as paupérrimas ofertas de porvir que a educação convencional exibia.
(Colaboração de José Renato Nalini, Diretor-Geral da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras).
Publicado na edição 10.736 – De sábado a terça-feira, 25 a 28 de fevereiro de 2023