José Renato Nalini
A educação liberta. Desde a caverna de Platão, já se nutria a certeza de que as trevas da ignorância recuam quando chega o saber. E este, em regra, é atribuição da escola. Embora a família, principalmente as mães, sejam as primeiras mestras, as responsáveis pelo “currículo oculto” das boas maneiras, tenha enorme responsabilidade, é a instituição “escola” que lapida o que já deve chegar com algum conteúdo humanístico. Esse o ideal.
Nada obstante, não é incomum constatar-se o retrocesso. Alunos chegam às aulas desprovidos de educação de berço. Não cumprimentam professores e funcionários. Não se portam como pessoas polidas, cordiais, amistosas. São às vezes violentos. E chegam a depredar o ambiente que foi construído para seu uso e para melhorar o seu destino.
As nefastas ocorrências de vandalismo em escolas são frequentes. Costuma-se atribuir à poli crise brasileira esse imenso prejuízo causado à nacionalidade. Não é apenas o aspecto financeiro que está em jogo. É um patrimônio muito mais valioso, intangível e que justifica ser invocado como índice civilizatório: o respeito à coisa comum.
O prédio e equipamentos de um estabelecimento de ensino público são de todos. Só estão ali, prontos para uso, porque as pessoas pagaram seus tributos. É com o resultado da arrecadação tributária que o governo faz funcionar todas as repartições e atende a todas as demandas.
Quando é necessário reformar uma escola porque foi maltratada, destruída, incendiada, faltará recurso financeiro para outra urgência.
Melancólico o pedido de alguns educadores para que a altura dos muros seja elevada, os gradis reforçados, offendicula ameaçadora utilizada para afugentar os malfeitores.
Quantas vezes já não se repetiu que uma escola a mais representaria algumas prisões a menos? Paradoxal que se queira redesenhar a unidade escolar aproximando-a, esteticamente, de um presídio. Não é essa a educação de que o Brasil precisa.
Colaboração de: José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo