Eu me desenvolvo e evoluo com meu filho

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O rapper carioca Marcelo D2, na música Loadeando, em que ele canta junto com o filho, os dois pontuam as diferenças e os gostos de cada um. A melodia pautou os pensamentos enquanto escrevia esta coluna.
No sábado que passou foi aniversário de meu filho, Júnior, 8 anos. Eu passei a semana toda preocupado em comprar a camisa oficial do Corinthians, time de coração dele. Cá entre nós, questiono, porque estes produtos esportivos são tão caros? Eu consegui adquirir, mas no caminho até a casa dele, entrei em um bazar que vende pipa, rabiola e linha. Tudo custou apenas R$ 7, e foi o presente que ele mais gostou.
Tudo isto serve para refletir o quanto damos valor exagerado às coisas, sem pensar no seu significado. Para meu filho e outras crianças, o importante não é o quanto você gasta, mas o gesto.
Por muitas vezes, o sofrimento que passamos pela vida, nos faz enxergar o mundo de forma equivocada. Eu não tive na minha infância festa de aniversário e nem presentes. Recordo dos meus sete anos, que em uma fase difícil da vida, meus pais, sem condições financeiras, me deixaram em Barretos para ser criado por minha avó paterna, Dona Aurelina Queiroz dos Santos, a Dona Áurea. Como ela não tinha dinheiro para me dar presente no Dia das Crianças, inventou a estória de que eu não ia ganhar nada, porque o homem que dava presentes tinha passado na casa e eu estava fora, brincando com meus primos. Dormi chorando e pensando no meu azar. Hoje, penso e penso o quanto minha avó, Dona Áurea, deve ter chorado por ser obrigada a mentir.
Não escrevo estas palavras para emocionar ninguém, mas para refletir no papel de cada um, como pai e mãe. Nunca vamos recompensar o que sofremos em nossa infância com nossos filhos. E nem devemos. Temos o papel de dar outra história para eles, que não seja pautada por valores, mas por atitudes.
Meu nome é Marco Antonio, tenho 43 anos, jornalista diplomado, muito tempo de experiência profissional e de vida, mas toda vez que estou com meu filho de oito anos, aprendo mais um pouco.

Publicado na edição nº 9565, dos dias 2 e 3 de julho de 2013.