Eu nunca fiz exame da próstata

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Preocupação com preconceito pode levar ao diagnóstico tardio do câncer.

O gaúcho vai fazer exame de próstata. Depois de várias intervenções, o médico dá o veredicto: – (Médico) A sua próstata está ótima! Pode vestir-se!- (Gaúcho) O doutor não gostaria de tentar novamente? – (Médico) Mas, por quê? – (Gaúcho) Eu sempre gosto de pegar uma segunda opinião!
O primeiro parágrafo foi uma das dezenas de piadas sobre exames de próstata, procedimento médico para constatar um dos cânceres que mais matam homens, quando o diagnóstico é tardio. A maioria dos homens deve ter escutado esta piada desde seus oito anos. É obvio que na cabeça fica o preconceito de que fazer o exame, é vestibular para virar homossexual. Bobagem.
Eu tive amigos e até um tio que foram surpreendidos com o diagnóstico de câncer na próstata. Nesta hora, nada tem graça. Porque a vida toda passa pela cabeça: infância, juventude, trabalho, alegria, tristezas e tudo que se vai perder, se não for curado.
A tecnologia avançou e há outras formas de constatar câncer na próstata, além do exame tradicional. Mas será que nós homens não estamos deixando o preconceito maior do que a saúde?
Fico lendo as polêmicas como a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, presidida pelo deputado federal Marcos Feliciano (PSC) querer instituir a ‘cura gay’; e um padre ser excomungado pela Igreja Católica porque pediu respeito aos homossexuais, mas seria melhor refletirmos se as piadas não vão continuar e quantos homens não vão morrer de câncer na próstata, por puro receio pseudo machista.
Acho que preocupados com o que as pessoas vão pensar, sem perceber, perdemos a vida toda.

Publicado na edição nº 9543 dos dias 7 e 8 de maio de 2013