Faltam quatro rodadas para terminar o Campeonato Paulista, e parece que este ano não teremos surpresas com relação aos grandes. Até o momento, pelo menos, não haverá clássicos nas quartas de final, e caso a zebra não dê as caras, as chances das semi finais serem entre Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos são enormes.
Os campeonatos estaduais são criticados por muitos, que vem o torneio somente como uma pré-temporada com ingresso pago. Mas não é bem assim.
Claro que para os grandes, que invariavelmente figuram entre os finalistas, a competição pode ser desgastante, considerando que muitos disputam outros torneios paralelamente. Mas para os pequenos times do estado de São Paulo, e aqui vamos incluir a Ponte Preta e a Portuguesa, o Paulistão é uma vitrine, uma oportunidade de jogadores se destacarem e conseguirem uma vaga em uma grande equipe, quem sabe. Não à toa, em praticamente todo início de campeonato Brasileiro, os times da elite apresentam jogadores descobertos nos estaduais do Brasil todo, jogadores que depois de uma temporada passam de meros desconhecidos a jogadores vendidos por muito dinheiro para a Europa, a exemplo de Osvaldo (ex São Paulo), Paulinho (ex Corinthians), entre outros. E todos os atletas, salvo raras exceções, começam suas carreiras em clubes pequenos, inclusive na várzea, até tiraram a sorte grande de um olheiro perceber seu futebol para tentarem o sucesso em times de maior expressão.
Por conta disso, sou favorável aos campeonatos estaduais. O que precisa mudar, porém, é o calendário do futebol nacional, para se evitar a maratona de jogos para esse ou aquele time. Mas isso é uma discussão muito delicada, pois envolve interesses milionários por trás de tudo, sendo uma tarefa praticamente impossível fazer qualquer alteração em grades de programação de emissoras de TV, responsáveis pelos direitos de transmissão dos campeonatos.
Em síntese, os campeonatos estaduais são fontes de revelação de jogadores, isso é indiscutível. Terminar com os campeonatos regionais, como muitos já propuseram, seria exterminar o sonho de muitos jogadores, que tem nesses campeonatos a única oportunidade de mostrarem seu talento, e desse modo conseguirem uma oportunidade de seguirem carreira como profissionais.
A maior crítica aos campeonatos regionais, e isso pode ser alterado, é o grande número de partidas que as equipes tem que fazer em poucos dias. Mas isso é uma coisa que pode ser discutida e consertada, não havendo necessidade de se acabar com esses torneios. Com isso, os clubes ficariam satisfeitos, os jogadores teriam suas oportunidades, as emissoras de TV teriam seus direitos resguardados e os torcedores, o principal motivo desse periódico, continuariam assistindo, satisfeitos, aos jogos de seus times.
Publicado na edição nº 9821, dos dias 24 e 25 de de março 2015.