Dr. Luiz Antônio da Assunção, farmacêutico clínico, CRF 23.110 SP, Pós-graduado em acompanhamento farmacoterapêutico; e em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. Foto: Divulgação

A frase “nossa população precisa aprender a utilizar a indústria farmacêutica a seu favor, em vez de ser manipulada por ela“ levanta uma questão essencial sobre a relação entre o público e a indústria farmacêutica. De fato, os medicamentos são uma das maiores conquistas da ciência moderna, capazes de salvar e melhorar milhões de vidas. No entanto, a falta de conhecimento e a dependência excessiva das práticas de marketing podem transformar essa relação em algo prejudicial, caso as pessoas não estejam preparadas para tomar decisões ao serem informadas sobre sua saúde.

O primeiro ponto importante é a educação sobre o uso consciente de medicamentos. A população precisa entender que medicamentos não são soluções mágicas e que seu uso deve ser sempre orientado e inclusive muito bem monitorado (acompanhamento farmacoterapêutico). Utilizar a indústria farmacêutica a favor da saúde significa questionar as informações e buscar sempre orientação adequada.

Além disso, o acompanhamento farmacoterapêutico é uma ferramenta fundamental para que os pacientes façam uso adequado dos medicamentos. Em vez de consumir medicamentos de forma indiscriminada ou se deixar influenciar por campanhas publicitárias, a população deve ser orientada sobre a importância de usar os medicamentos de maneira consciente e sob supervisão, focando sempre no equilíbrio entre benefício e risco. Ao se apoderar do conhecimento, os pacientes podem compreender os limites e as capacidades dos medicamentos, sem cair em armadilhas que os leve ao consumo exagerado ou inadequado.

Outro aspecto relevante é o papel das empresas farmacêuticas e seu objetivo comercial. Embora elas sejam responsáveis por desenvolver fármacos essenciais, também visam ao lucro, o que pode gerar distorções. Assim, é crucial que a sociedade saiba distinguir a necessidade real de tratamento, das estratégias de marketing (medicar sintomas). Não se trata de demonizar a indústria, mas de entender que ela deva ser usada a nosso favor, com discernimento e cuidado, em vez de ceder a apelos de consumo excessivo.

Por fim, a participação ativa do cidadão nas decisões de sua saúde é indispensável. Isso envolve questionar prescrições, entender os efeitos dos medicamentos e buscar informações imparciais e científicas, que não sejam apenas baseadas no que as campanhas publicitárias sugerem (congresso patrocinado pela indústria farmacêutica). Ao fazer isso, as pessoas ganham autonomia sobre sua saúde, utilizando a indústria farmacêutica como ferramenta poderosa, sem serem manipuladas por ela.

Em resumo, o caminho para uma relação saudável com a indústria farmacêutica passa pela educação, o acompanhamento profissional e o pode de decisão individual. Ao aprender a usar os recursos farmacêuticos de forma consciente, a população não só melhora sua saúde, como também evita os riscos de ser manipulada por interesses comerciais que podem não estar alinhados com seu bem-estar.

Caro leitor, espero ter provocado uma boa reflexão, colocando-me à disposição para esclarecer dúvidas.

Saúde, saúde, saúde!!!

(Colaboração de Dr. Luiz Antônio da Assunção, farmacêutico clínico, CRF 23.110 SP, Pós graduado em acompanhamento farmacoterapêutico; e em gastroenterologia funcional e nutrigenômica).

Publicado na edição 10.876, de sábado a terça-feira, 28 a 30 de setembro e 1º de outubro de 2024 – Ano 100