Na marra: como o marketing digital transformou o mercado da comunicação

Marcos Pitta

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Quando entrei na faculdade de Jornalismo, em 2014, o marketing digital já existia e funcionava bem. Mas sejamos honestos: ele ainda não era o coração pulsante da comunicação. O tempo passou, as empresas perceberam que, sem presença digital, ficariam para trás, e a pandemia acelerou tudo isso de forma irreversível.

Hoje, o marketing digital não é apenas um complemento, mas o eixo central de toda a estratégia de comunicação. Ele é o coração que bombeia sangue para todo o corpo funcionar bem. SEO, links patrocinados, redes sociais – tudo está interligado e faz parte de um leque de estratégias que se tornou indispensável.

Há dez anos, era comum encontrar graduados em Jornalismo e Publicidade assumindo funções de marketing. Havia técnicos na área, mas o digital ainda não dominava as conversas. Sabíamos que essa revolução viria, mas não exatamente quando e como. E, sem perceber, ela já estava acontecendo.

Hoje, as faculdades se adaptaram. Cursos de Marketing Digital surgiram, e as grades de Jornalismo e Publicidade foram reformuladas. O jornalista precisa saber marketing digital. O publicitário também. Não basta mais sair da faculdade com o diploma – é preciso entender o funcionamento desse novo mundo.

Mas e quem veio antes dessa revolução? Quem se formou sem essa base acadêmica? Aprendeu na marra. Jornalistas, publicitários e comunicadores de pequenas cidades foram atirados de cabeça nesse universo digital, adaptando-se à força. E isso deu bagagem. Essas pessoas enfrentam um mercado concorrido, mas trazem consigo algo que os diferencia: experiência prática.

O curioso é que, junto com esses profissionais, os clientes também aprenderam na marra. Eles se viram obrigados a entender o mínimo de marketing digital para saber o que estavam contratando e passaram a dialogar melhor com os profissionais da área.

E não são só os comunicadores sentiram essa mudança. Engenheiros de dados e formandos em Sistemas de Informação precisam, cada vez mais, estar antenados às demandas do marketing digital, principalmente na construção de sites e otimização para mecanismos de busca. Não basta apenas criar um site bonito; é necessário que ele esteja redondo para os buscadores e bem estruturado para oferecer uma experiência fluida, tanto no mobile quanto no desktop. Outra profissão que está sendo puxada para esse balaio é a de designer, especialmente os que atuam em agências. A exigência por entregas ágeis, sem perda de qualidade, faz com que precisem se adequar a um ritmo intenso, lidar com roteiros de atendimento e, por que não, entender também a mente do cliente.

Os novos formandos, já com diplomas de Marketing Digital, entram no mercado no susto. O motivo? A velocidade das mudanças. O digital se atualiza diariamente, e o desafio não é apenas dominar as técnicas, mas também ter estrutura para suportar a pressão de um ambiente de agência, as demandas variadas e as exigências peculiares de cada cliente.

Nesse cenário, quem aprendeu a bombear esse coração digital na marra acaba se sobressaindo. Claro, há exceções – sempre há aqueles que se destacam logo de cara. Mas, para muitos, a falta de compreensão do funcionamento desse organismo digital resulta em alta rotatividade. O currículo passa a ser um mosaico de passagens curtas por empresas, sem tempo de consolidar uma trajetória.

O mercado da comunicação mudou. Ele exige conhecimento, mas também resiliência. A lição para os que chegam agora é clara: mais do que dominar o digital, é preciso aprender a respirar fundo, pensar estrategicamente e, acima de tudo, entender que esse coração pulsante não para – e quem não acompanha seu ritmo, fica pelo caminho.

(Colaboração de Marcos Pitta, jornalista e produtor audiovisual. Repórter da Gazeta de Bebedouro e Analista de SEO na RGB, agência de marketing digital).

Publicado na edição 10.907, sábado a sexta-feira, 1º a 7 de março de 2025 – Ano 100