O avanço da Inteligência Artificial sem práticas de ESG não é inteligente.

Rodrigo Toler

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A Inteligência Artificial vem maravilhando o mundo com a promessa de uma vida mais produtiva, automatizada e eficiente. A tecnologia pode impulsionar o PIB global em até 7% nos próximos 10 anos.

Mas não só de “artificial” viverá o homem. Além da valorização do trabalho humano, inclusive como revisor de muitas tarefas realizadas pela Inteligência Artificial, será necessário garantir um desenvolvimento alinhado às práticas de ESG.

A começar pelo eixo ambiental, em que o uso de água, energia e minérios para viabilizar esses sistemas tecnológicos modernos pode impactar em questões climáticas, considerando que haverá aumento expressivo no consumo de energia. Para não darmos mais um passo atrás na evolução sustentável da humanidade, custos ocultos e impactos ambientais precisam estar em pauta.

É necessário um debate sobre a substituição de abordagens, implementações e usos que consomem muita energia, com urgência especial para os modelos de inteligência artificial generativa, que estão se difundindo rapidamente. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, dentre os cinco princípios para o uso responsável da IA, estabelece no princípio do “crescimento inclusivo, desenvolvimento sustentável e bem-estar”.

Para isso, as empresas devem estudar com cuidado os modelos aplicáveis de IA analisando seu propósito e resultado prático, alinhado com a estrutura de governança. Do ponto de vista da energia necessária para o processamento de dados, existem abordagens computacionais menos custosas alinhadas à finalidade e ao real valor agregado.

O PL 2338/23, que visa regulamentar a Inteligência Artificial no País, já demonstra preocupação de que o desenvolvimento, a implementação e o uso desses sistemas tenham como fundamento a proteção e a mitigação de riscos para o meio ambiente.

No eixo social, a tecnologia pode ser uma ferramenta de justiça, desenvolvimento e acessibilidade, mas para isso a indústria precisa apresentar respostas eficientes a vieses algorítmicos, revisão humana, base de dados representativos e testes eficientes. O que também nos leva à governança.

É preciso que empresas estejam atentas ao desempenho da Inteligência Artificial, garantindo harmonia entre objetivos estratégicos, valores organizacionais e aplicação. Tal estrutura demanda uma abordagem holística, capaz de englobar questões éticas, legais e técnicas dessa nova dimensão da realidade, materializando a explicabilidade e auditabilidade dos sistemas para mitigação de riscos e análise assertiva das decisões tomadas.

Não há dúvidas de que essa inovação deve ser fomentada. Afinal a sociedade civil deve alcançar soluções que beneficiem a todos e estimulem modelos cada vez mais colaborativos.

(Colaboração de Rodrigo Toler, Advogado de Privacidade e Proteção de Dados no Opice Blum, Bruno Advogados; Mestre em Direito, Tecnologia e Desenvolvimento pelo IDP. Email: [email protected]).

Publicado na edição 10.868, quarta, quinta e sexta-feira, 28, 29 e 30 de agosto de 2024 – Ano 100

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