O uso de múltiplos medicamentos, comumente chamado de polifarmácia, é usual na população idosa com multimorbidades, ou seja, na presença de dois ou mais problemas de saúde em uma mesma pessoa, um ou mais medicamentos podem ser usados para tratar cada condição. A polifarmácia está associada a resultados adversos, incluindo mortalidade, quedas, efeitos colaterais a medicamentos, maior tempo de permanência no hospital ou readmissão ao hospital logo após alta. O risco de efeitos adversos e danos aumentam com o incremento do número de medicamentos. Podem ocorrer danos em razão de uma série de fatores, incluindo interações medicamentosas. Pacientes mais velhos correm riscos ainda maiores de efeitos adversos em virtudes da diminuição da função renal e hepática, menor índice de massa corporal magra, redução da audição, visão, cognição e mobilidade.
Embora, em muitos casos, o uso de múltiplos medicamentos ou a polifarmácia possam ser clinicamente apropriados, é importante identificar os pacientes com polifarmácia inadequada, o que pode colocá-los em maior risco de eventos adversos e resultados ruins à saúde, lembrando que o farmacêutico clínico é o profissional ideal para fazer a conciliação de medicamentos, sem existir conflito de um com o outro.
A composição do organismo do idoso e a ação de medicamentos
O tecido adiposo aumenta em termos percentuais com o decorrer do tempo e drogas lipossolúveis podem ter efeito mais prolongado, como por exemplo, o Diazepan.
O volume do fluido extracelular, o volume de plasma e a água total diminuem com a idade, então, drogas hidrossolúveis sofrem menor distribuição, aumentando as chances de toxicidade.
Vale aqui uma observação, os idosos são desidratados crônicos, pois não tomam água.
E mais, a diminuição do tamanho e do peso do fígado em 41% e do fluxo sanguíneo em 47% como efeitos da idade, prejudica a capacidade deste órgão em metabolizar drogas da circulação sistêmica.
Já o rim, que é a principal via de excreção de muitos medicamentos, com o declínio de sua função com o decorrer da idade, reduz sua capacidade de eliminar drogas que sejam primariamente excretadas pelos rins. O declínio da função renal exige que a maior parte das drogas tenha sua dose ajustada para o idoso, bem como o intervalo entre uma e outra dose.
Enfim, todo usuário de medicamentos, independente da idade, deve receber acompanhamento fármaco-terapêutico por farmacêutico clínico, para receber sua contribuição com o prescrito, no sentido de garantir ao paciente: efetividade terapêutica, necessidade de uso, segurança com seus medicamentos, para minimizar os impactos negativos na saúde do paciente.
O farmacêutico clínico é imprescindível na promoção do uso racional de medicamentos.
Saúde, saúde, saúde!
(Colaboração de Luiz Assunção, farmacêutico clínico, especialista em acompanhamento fármaco-terapêutico, especialista em gastroenterologia funcional e nutrigenômica).
Publicado na edição 10.779, quarta, quinta e sexta-feira, 9, 10 e 11 de agosto de 2023